Jornada da Natureza
2ª Jornada da Natureza terá semeadura aérea de semente juçara e araucária no PR
Por Setor de Comunicação e Cultura do MST-PR
Da Página do MST
O Dia Mundial Meio Ambiente, 5 de junho, será celebrado ao longo de toda a semana no Paraná, com ações massivas para o reflorestamento de áreas de reserva legal da Mata Atlântica. A “2ª Jornada da Natureza – Semeando vida para enfrentar a crise ambiental” vai ocorrer entre os dias 3 e 7, e prevê a semeadura aérea de 12 mil quilos de sementes da palmeira juçara e de araucária, espécies ameaçadas de extinção no bioma. Também haverá o plantio de mais de 17 mil mudas de árvores, com a criação e ampliação de Sistemas Agroflorestais (SAFs).
A iniciativa é do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e integra a Jornada Nacional em Defesa da Natureza e seus Povos, organizada pelo MST em todo o país. São parceiros na ação a Polícia Rodoviária Federal (PRF), a Itaipu Binacional, o Instituto Água e Terra (IAT), da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias (Embrapa), entre outros órgãos públicos e ministérios do governo.
A ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, e o chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Marcio Macedo, são presenças confirmadas para o dia 4 de junho. Outras autoridades do poder executivo e legislativo, estadual e federal, também estarão presentes. Pesquisadores da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro), e das Universidades Federal do Paraná e da Fronteira Sul, também parceiras da Jornada, irão acompanhar as ações. Ainda no campo do acompanhamento científico, estarão presentes os pesquisadores Alfredo Penna Vega, do Instituto de Estudos Avançados Edgard Morin, de Paris/França, e a professora Manuela Moraes da Universidade de Évora/Portugal.
Bruna Zimpel, camponesa produtora agroecológica e integrante da direção nacional do MST pelo Paraná, explica o objetivo da Jornada: “Para além de recuperar a natureza, queremos dialogar com a sociedade sobre a necessidade de pensar novas relações entre o ser humano e a natureza. Compreendemos que o ser humano é parte da natureza, que não é necessário e não devemos destruí-la, porque ao destruí-la estamos nos destruindo enquanto seres humanos. Por isso, o projeto que defendemos e buscamos construir no MST é a agroecologia, todas as dimensões da vida, na produção, nas relações humanas, na relação com a natureza”.
Com as ações propositivas, a Jornada também busca denunciar a crise ambiental, que ganhou maior visibilidade a partir da catástrofe enfrentada pela população do Rio Grande do Sul desde maio. “Esta crise é parte estrutural do sistema capitalista, ou seja, da exploração, e destruição desenfreada da natureza”, reforça a dirigente.
As semeaduras e plantios vão ocorrer em comunidades da Reforma Agrária de Quedas do Iguaçu, Guarapuava e Antonia, e também na Terra Indígena Rio das Cobras, em Nova Laranjeiras. “Essas ações que vamos vivenciar nessa semana são resultados de processos permanentes, de formação e de ações nos territórios e que ela se expressa nessa semana, na beleza e no tamanho que se expressa pelo processo coletivo e cooperado que é vivenciado nas comunidades todos os dias, pelos processos que as famílias camponesas constroem e também as experiências que resgatam”, completa Bruna Zimpel.
As sementes foram coletadas em mutirão nas próprias áreas da reforma agrária, por camponesas e camponeses moradores das comunidades. Assim como a juçara, a araucária também corre risco de extinção devido à exploração predatória com fins comerciais e madeireiros.
Além das semeaduras, estão previstas a realização de mais de 30 oficinas relativas a questões ambientais em diversos municípios e implantação de sistemas agroflorestais comunitários.
A 2ª Jornada da Natureza também é organizada pela Associação de Cooperação Agrícola e Reforma Agrária do Paraná (ACAP), com patrocínio da Caixa Econômica Federal. Também são parceiros o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS), Superintendência do Instituto de Colonização e Reforma Agrária do Paraná (Incra-PR), Secretaria Comunicação Social do Governo Federal, Cooperativa Central da Reforma Agrária (CCA), Cooperativa de Crédito Rural de Pequenos Agricultores e da Reforma Agrária do Centro-oeste do Paraná (Crehnor) e do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR).
Confira a programação e mais informações sobre as comunidades:
03 de junho, segunda-feira – Quedas do Iguaçu
A abertura da 2ª Jornada da Natureza será na comunidade Dom Tomás Balduíno, em Quedas do Iguaçu, onde ocorreu a primeira edição da ação, em junho de 2023. Naquela ocasião, foram semeadas 4 mil quilos de sementes de juçara, em uma área de 67 hectares de reserva legal da Reforma Agrária. Neste ano, a semeadura será em 4 comunidades do MST.
Cerca de cinco meses após o lançamento das sementes, a efetividade da semeadura foi avaliada por pesquisadores da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) em parceria com a PUC-PR (Pontifícia Universidade Católica), Ibama e Itaipu Binacional. A equipe avaliou a germinação das sementes e o crescimento de várias mudas, algumas, hoje, com mais de 50 centímetros, já ocupam espaço no sub-bosque da floresta onde não existem exemplares adultos da juçara.
O avanço na produção, beneficiamento e comercialização das produção na região tem ganhado força com a Associação de Produtores Orgânicos de Quedas do Iguaçu Produzindo Vidas, que abrange famílias das diversas comunidades da reforma agrária da cidade. Entre os itens beneficiados pela associação está o fruto da palmeira juçara, conhecido como açaí juçara ou açaí da Mata Atlântica. Em parceria com o projeto Sabores da Agrofloresta, coordenado pelo Laboratório Vivan, de Sistemas Agroflorestais, da UFFS, os produtores comercializam a polpa do açaí para produção de picolés e sorvetes.
Em parceria com a empresa OKA Biotecnologia, a associação também avança para a produção de embalagens comestíveis e biodegradáveis, produzidas a partir da fécula de mandioca. A tecnologia pode ser utilizada, por exemplo, como casquinha para o sorvete, e também está sendo testada como cápsula para potencializar o plantio de sementes nativas.
Atividade: Lançamento de sementes de palmeira juçara em áreas de reserva legal do assentamento Celso Furtado e das comunidades Vilmar Bordin, Fernando de Lara e Dom Tomás Balduíno, além de visita técnica à área semeada em 2023.
Programação:
7h30 – Café da manhã Sabores da Mata Atlântica, com visita à mata e à agroindústria (para autoridades convidadas)
9h – Início do sobrevoo para lançamento de sementes de juçara
10h – Visita técnica de pesquisadores e autoridades às áreas semeadas em 2023
11h30 – Assembleia Popular da 2ª Jornada da Natureza
13h30 – Almoço comunitário (trazer pratos e talheres)
15h – Continuação do sobrevoo para lançamento de sementes
15h30 – Matibaile
04 de junho, terça-feira – Nova Laranjeiras (PR)
A ação será na Terra Indígena Rio das Cobras, a maior terra indígena do Paraná, com 19 mil hectares e 13 aldeias das etnias Kaingang e Guarani. Ao todo, cerca de 1150 famílias indígenas vivem no local. As comunidades têm Brigada de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais, a Prevfogo, integrada ao Programa Federal de Brigadas do Ibama. É a primeira do sul do Brasil.
Atividade:
Haverá semeadura de semente de palmeira juçara e de pinhão, restauração produtiva de 2 hectares em Sistema Agroflorestal (SAF) Comunitário, com mudas nativas, erva-mate, araucária e mandioca, e distribuição de 100 kits produtivo, com rama de mandioca, mudas e sementes.
Local central: Sede Terra Indígena Rio das Cobras – Nova Laranjeiras/PR
Programação:
8h – Recepção e Acolhida
Visitas à escola da comunidade, Unidade de Saúde e Unicentro
9h – Início do mutirão para Restauração produtiva em Sistema Agroflorestal (SAF) Comunitário com mudas nativas, erva-mate, araucária e mandioca.
9h30 – Sobrevoo para semeadura de semente de palmeira juçara e de pinhão
11h30 – Assembleia Popular da 2ª Jornada da Natureza, com entrega dos kits de mudas e ramas
13h – Almoço comunitário (trazer pratos e talheres)
14h – Atividades Culturais
05 de junho, quarta-feira (Dia Mundial do Meio Ambiente) – Guarapuava e Pinhão (PR)
Será nas comunidades da reforma agrária Nova Geração, Guarapuava, e Nova Aliança, de Pinhão. Junto de outras comunidades do MST, de comunidades tradicionais faxinalenses e posseiros, as famílias camponesas estão organizando a cooperativa CooperGuairacá. A proposta é fortalecer a produção, o beneficiamento e comercialização, com foco na produção agroflorestal, com manejo, reflorestamento e criação de novas áreas de produção.
Entre as iniciativas para avançar com a organização da cooperativa está o curso “Alimentação com os sabores do Pinhão”, realizado em parceria com a Embrapa, e a capacitação para produção de mudas enxertadas de araucária, a partir da pesquisa do professora Flávio Zanette, da UFPR.
Atividade:
Lançamento de semente de araucária no assentamento Nova Geração, e almoço com pratos feitos a base de pinhão, seguido de assembleia popular da Reforma Agrária na comunidade Nova Aliança.
Programação:
> Assentamento Nova Geração – Guarapuava/PR
7h30 às 8h30: Café e acolhida
9h: Mística de abertura e Assembleia Popular da 2ª Jornada da Natureza
9h30: Sobrevoo para semeadura de semente de araucária
> Comunidade Nova Aliança – Pinhão/PR
12h30: Almoço comunitário (trazer pratos e talheres)
14h: Assembleia Popular da Reforma Agrária
15h: Plantio de araucária enxertada e árvores no Sistema Agroflorestal (SAF) Comunitário
07 de maio, sexta-feira – Antonina
A ação será no assentamento agroflorestal José Lutzenberger, localizado em parte da Área de Proteção Ambiental (APA) de Guaraqueçaba, litoral do estado. Antes da chegada dessas famílias, a área não era cuidada e não cumpria função social, era um território devastado pela pecuária extensiva de búfalo e por crimes ambientais, como o desvio do leito do Rio Pequeno, que atravessa o território.
A área foi ocupada em 2004, e desde então, a combinação da cultura camponesa e caiçara fortaleceu um intenso trabalho de recuperação ambiental e produção agroecológica. Por conta deste trabalho, em 2017 a comunidade recebeu o prêmio Juliana Santilli de Agrobiodiversidade.
Por meio da cooperativa da comunidade, a Filhos da Terra, a maior parte da produção local serve de alimentação às crianças das escolas estaduais de Guaratuba, Morretes, Antonina e Pontal do Sul, pelo Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). As famílias também participam de feiras na região e comercializam cestas de produtos a moradores locais.
Atividade:
Lançamento de sementes de palmeira juçara, com assembleia e almoço comunitário a base de peixe, palmito pupunha e frutas. Também haverá apresentações culturais do grupo de Fandango Caiçara Mandicuera e Boi de Mamão.
Programação:
9h: Café Caiçara e acolhida
9h30: Mística de abertura e Assembleia Popular da 2ª Jornada da Natureza
10h30: Sobrevoo para semeadura de sementes de juçara
11h: Visita ao Sistema Agroflorestal e Agroindústria
13h: Almoço comunitário (trazer pratos e talheres)
14h: Leitura da carta caiçara
Tarde: Apresentações culturais do grupo de Fandango Caiçara Mandicuera e Boi de Mamão
Feira da Reforma Agrária Popular e banho de rio
*Editado por Carolina Sisla