Nota

Usina CBB é flagrada com 108 trabalhadores em condições análogas à escravidão em Goiás

Nota Pública do MST-DFE em repúdio à Companhia Bioenergética Brasileira (CBB)

Foto: Reprodução

Da Página do MST

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra do Distrito Federal e Entorno (MST-DFE) vem a público manifestar profundo repúdio aos crimes cometidos pela Companhia Bioenergética Brasileira (CBB), denunciados pelo Ministério Público do Trabalho de Goiás (MPT-GO), que no dia 29 de setembro de 2025 resgatou 108 trabalhadores rurais submetidos a condições análogas à escravidão na Fazenda CBB, localizada em Vila Boa de Goiás, no entorno do Distrito Federal.

A denúncia, divulgada amplamente apenas no dia 13 de outubro de 2025, revelou que os trabalhadores eram explorados no corte de cana-de-açúcar, enfrentando jornadas exaustivas, alojamentos precários, ausência de registro em carteira, falta de banheiros e de equipamentos de proteção.

A Usina CBB foi condenada a pagar mais de R$ 1,5 milhão em verbas rescisórias e indenizações por danos morais individuais.

Essa não é uma surpresa. Em abril de 2023, trabalhadoras e trabalhadores sem terra ocuparam a usina, denunciando dívidas bilionárias, crimes ambientais e violações trabalhistas as mesmas que agora se confirmam com as ações do MPT, da Polícia Federal e do Ministério do Trabalho e Emprego.

Atualmente, as dívidas da CBB ultrapassam R$ 91 bilhões junto à União e ao Estado de Goiás. O Ministério do Meio Ambiente também já havia embargado mais de 4 mil hectares de terras utilizadas irregularmente pela empresa, impondo multas que chegam a R$ 4 milhões.

Enquanto isso, o povo de Vila Boa de Goiás segue sofrendo os impactos dessa usina criminosa. O município, um dos mais vulneráveis social e economicamente da região, não recebe qualquer contrapartida. Pelo contrário: a CBB se aproveita da pobreza e do desemprego para explorar a força de trabalho local, reproduzindo as mesmas estruturas de escravidão e concentração fundiária que a Reforma Agrária Popular busca superar.

O MST se solidariza com os 108 trabalhadores resgatados e com toda a população de Vila Boa de Goiás. Seguiremos denunciando e organizando o povo para que essa usina de crimes seja desapropriada e destinada à Reforma Agrária, transformando-se em um assentamento produtivo, onde as famílias possam viver com dignidade, produzir alimentos saudáveis e reconstruir o território com justiça social.

Não recuaremos um só passo enquanto esta terra seguir manchada pela exploração e pela impunidade.

Nos próximos dias, o MST-DFE organizará uma audiência pública em Vila Boa de Goiás para aprofundar as denúncias, exigir a responsabilização dos envolvidos e pressionar pela desapropriação definitiva da CBB.

Trabalho escravo é crime! Justiça para o povo trabalhador!

Distrito Federal e Entorno, 14 de outubro de 2025

Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra