Assembléia Popular aponta para Brasil planejado pelo povo
Comunicação AP
Desde esta terça-feira (25/5), cerca de 500 delegados de todos os Estados do país participam da II Assembléia Popular Nacional – Na construção do Brasil que queremos, em Luziânia (GO).
Com a exposição que analisou o contexto conjuntural e estrutural da sociedade, ficou clara a polarização entre os projetos em disputa em nível global.
Em resposta a estes contextos, os movimentos presentes se posicionam não apenas formulando uma agenda de direitos a serem conquistados, mas estabelecendo estratégias para atingir centralmente a política da classe que hoje domina econômica e ideologicamente o planeta.
O antagonismo entre a classe burguesa e as classes populares segue como principal foco das lutas políticas.
Nas análises, existem mais de dois projetos em jogo no cenário mundial. Num primeiro plano, as estratégias do grande capitalismo, capitaneado pelas potências do Norte, principalmente os Estados Unidos, continuam a intervir diretamente nos povos que pretendem dominar, com a permanência da política de guerras e consumo desenfreado. Este Imperialismo estadunidense é capaz de intervir, a partir de suas mil bases militares em todos os continentes, em menos de uma hora em qualquer ponto do globo.
Recentemente, se viu sinais de um revigoramento dessa brutalidade, com a instalação de sete novas bases militares na Colômbia, o anúncio de mais bases no Panamá, a reativação da Quarta Frota da marinha dos EUA para monitoramento dos mares da América e as políticas de relação com o povo hondurenho e haitiano.
A novidade entre os atores é o próprio Brasil e seu projeto neodesenvolvimentista. Com uma aliança com outros países emergentes (o Bric – Brasil, Rússia, Índia e China) que juntos devem ter PIB (Produto Interno Bruto, ou a soma de todas as riquezas do país) superior ao G-7 em 2030, nosso país já exporta seu próprio modelo de capitalismo, novamente baseado no financiamento público de empresas privadas, saqueando o Fundo de Amparo ao Trabalhador alocado no BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), e em grandes obras, como as contidas no PAC (ou“Planos para Acabar com as Comunidades”, segundo Sandra Quintela, da coordenação nacional da AP) e na Integração da Infra-Estrutura Regional da América Latina (IIRSA).
Para Irmã Delci, das Pastorais Sociais/CNBB, “O planeta não resiste a mais desenvolvimento. Não consegue mais dar respostas ao consumo de matérias e energias. Mas o capitalismo insiste em sugerir a infinitude deste crescimento.”
Do lado de cá, o surgimento da Aliança Bolivariana para as Américas (Alba) representa uma alternativa a estas propostas, por fora do capitalismo. “Temos uma coisa da qual podemos nos orgulhar a vida inteira por termos conquistado”, salienta Ricardo Gebrim, da Consulta Popular.
Continua: “a derrota da Alca foi uma vitória do projeto popular. A mobilização dos povos americanos conseguiu dar fim a uma proposta estratégica de nosso inimigo.” Também a inspiração da organização dos povos indígenas foi lembrada por Ivo Poletto, assessor de pastorais e movimentos sociais, para basear qualquer projeto alternativo de sociedade.
“Estes povos trazem na sua concepção, na sua espiritualidade, um acúmulo político-econômico de 15 mil anos. Sempre se relacionaram em equilíbrio com a Mãe-Terra e, após terem sobrevivido ao massacre declarado pelos povos europeus, merecem toda nossa abertura e humildade.”
Para encaminhar os debates nos eixos de aprofundamentos, Sandra Quintela sugeriu o questionamento a uma prisão quase secular de nosso povo, a dívida pública. A dívida externa hoje gira em torno da cifra de R$ 282 bi e a interna, em torno de R$ 1 trilhão.
Foto: Douglas Mansur