Assembleia Legislativa de Sergipe homenageia os 30 anos de luta do MST
Por Edjane Oliveira
Da Página do MST
A sessão da Assembleia Legislativa do estado de Sergipe saiu do seu aspecto rotineiro e contou com um assunto distinto aos que costumeiramente passam por lá, nesta última quinta-feira (24).
Por Edjane Oliveira
Da Página do MST
A sessão da Assembleia Legislativa do estado de Sergipe saiu do seu aspecto rotineiro e contou com um assunto distinto aos que costumeiramente passam por lá, nesta última quinta-feira (24).
Os Sem Terra tomaram as galerias do parlamento estadual e lotaram totalmente a casa, entoando juntos e de mãos dadas o hino do MST. A ocasião homenageou os 30 anos do MST, organizado pelo deputado estadual João Daniel (PT).
Gislene Reis, da direção nacional do Movimento e da Via Campesina, foi a responsável por falar sobre as três décadas de luta e resistência do MST no Brasil e no estado de Sergipe.
Durante sua fala, Gislene traçou um panorama do que é e como surgiu o MST no Brasil, ao falar sobre a gênese do Movimento, a história de luta pela Terra no Brasil e como o MST foi gestado pela herança do modelo de luta pós-ditadura no país.
Dois grandes referenciais dessa luta tiveram destaque: a ocupação das granjas Macali e Brilhante em 1979, no Rio Grande do Sul, e a ocupação Encruzilhada Natalino, no mesmo estado, em 1981.
“Somos um Movimento que tem a natureza de um movimento social de massa, autônomo, apartidário e de luta pela reforma agrária no Brasil”, lembrou.
Gislene também destacou a forma de organização do Movimento, que possui princípios de direção coletiva. Uma das características do MST é que a organização de representação prima pela equidade de gêneros, com homens e mulheres na sua composição.
Os congressos nacionais realizados desde 1985 a cada cinco anos, em média, também foram lembrados. A primeira edição aconteceu no Paraná, e a sexta e mais recente foi realizada no mês de fevereiro deste ano, em Brasília.
Fotografias como a ocupação da fazenda Anoni, no Rio Grande do Sul, do Roseli Nunes, a ocupação histórica da Chesf, em Sergipe, e a fazenda Tingui ajudaram a mostrar um pouco mais sobre a realidade do Movimento.
O Massacre em Eldorado dos Carajás, quando 21 Sem Terra foram assassinados pela Polícia Militar em 1996, no Pará, também não passou despercebido.
Educação e internacionalismo
Após ser lembrado o papel da Ciranda Infantil realizada pelo MST e a visão da educação contextualizada, politizada e da alternância do Movimento, Gislene Reis disse ser esse um dos princípios do Movimento, defendendo o processo de formação desde criança.
“Não concordamos com a terminologia creche. Mas sim com a ciranda infantil, pensado o dia a dia da criança com viés ideológico e valores. Este é um espaço de cuidado da criança e não apenas para olhá-la e alimentá-la, mas pensar sua educação, formar um cidadão crítico que possa intervir na sua realidade”, explicou.
Quanto ao processo de educação no MST, Gislene disse que o Movimento defende a educação do e no campo, sendo herdeiros da metodologia e filosofia de Paulo Freire. “O MST defende a metodologia de alternância, de construção coletiva, de crítica e autocrítica para um cidadão que possa fazer uma intervenção na sociedade”.
O princípio de solidariedade internacional também foi destacado pela Sem Terra, ao lembrar “que bebemos na fonte do que foi a construção cubana, o processo bolivariano e outros que ocorreram na história”.
Atualmente, o MST tem 12 brigadas no exterior, entre elas, no Haiti e Moçambique, onde companheiros e companheiras levam o apoio do Movimento em brigadas internacionalista e grupos de trabalhos que se deslocam para viver em outro país.
Reforma Agrária
Gislene Reis lembrou que ainda existem mais de 100 mil famílias acampamentos pelos rincões deste país. Em Sergipe, cerca de 8 mil famílias estão na luta pela terra, em 215 acampamentos distribuídos em todo estado.
Nesse sentido, a Sem Terra destacou a importância do apoio das autoridades pela Reforma Agrária enquanto uma política social, cujo benefício “não será só para o trabalhador do campo, mas também para as pessoas que vivem na cidade”.
Embora 70% dos alimentos produzidos no campo venham das mãos da agricultura familiar e de áreas de Reforma Agrária, Gislene colocou as dificuldades que ainda existem em muitos assentamentos, ao não terem acesso a água potável, eletricidade, escola e saúde.
Por outro lado, “nesse período de 30 anos, conquistamos mais de 2 mil escolas públicas, temos mais de 300 mil trabalhadores estudando e mais de 4 mil professores do MST que se deslocam para escolas em assentamentos. Temos grupos de teatro, cultura, entre outros entretenimentos”, destacou.