Arte

MST pintará empena na capital mineira na 7° edição do CURA

7° edição do Circuito Urbano de Arte, tem “terra” como tema e aborda assuntos como luta de classes, distribuição de terras, questão racial e ancestralidade
Muralismo realizado no Centro de Formação Francisca Veras no Vale do Rio Doce durante a 3° Edição da Escola de Arte João das Neves em parceria com o CURA. Foto: Dowglas Silva-MST

Por Matheus Teixeira
Da Página do MST

Fruto da relação construída a partir da 3° edição da “Escola de Arte João das Neves”, o MST recebeu o convite do Circuito Urbano de Arte (CURA) para pintar um grande mural – empena, localizado na parede lateral de um prédio, no centro da capital Mineira. A obra, de 489 m² e 36,1 metros de altura, será pintada no Edifício Rochedo, na rua Goitacazes, próximo ao mercado municipal, e com vista para praça Raul Soares, em Belo Horizonte, local onde acontece a 7° edição do Festival, entre os dias 15 a 25 de Setembro.

A escola de Artes organizada pelo coletivo de cultura do MST em parceria com artistas militantes como a cantora Titane, Sérgio Pererê e Pereira da Viola, leva o nome e homenageia o grande dramaturgo brasileiro “João das Neves”, que ajudou na criação da proposta e contribuiu nas duas primeiras edições da mesma, antes de nós deixar. Esse espaço de formação foi o que possibilitou o estreitamento nas relações com o Cura, em que o coletivo ministrou uma oficina de ocupação do espaço público, focado no muralismo.

Agatha Azevedo, do Coletivo Estadual de Cultura do MST, reafirma a importância do processo de construção coletiva desde o setor até a concepção da arte final a ser pintada, e a relação com os parceiros. “Esse processo que vem sendo construído desde as Escolas de Arte do MST mostra que a Reforma Agrária Popular visa a emancipação humana em todos os âmbitos da vida. Nosso projeto é para alimentar o povo brasileiro de comida saudável,  alegria e arte.”

Muralismo no Centro de Formação Francisca Veras no Vale do Rio Doce, pintado durante a 3° Edição da Escola de Arte João das Neves em parceria com o CURA. Foto: Dowglas Silva-MST

Em entrevista ao jornal o Tempo, Priscilla Amorim, uma das organizadoras do festival, conta que o tema já havia sido escolhido pela curadoria antes do Movimento ser inserido na agenda do evento. “Descobrimos artistas incríveis lá dentro e o desejo do MST de adentrar o mundo do mural como forma de relatar sua história. É um marco muito forte para o Cura ter (como parceiro) um movimento tão importante para o Brasil. Eles querem falar sobre segurança alimentar, agroecologia e trabalhadores do campo”, ressalta a organizadora do festival.

“A ordem é ninguém passar fome, progresso é o povo feliz (Zé Pinto).

Demonstrando o papel da arte não só como sinônimo de resistência, a empena pintada pelos artistas do MST, Andersom Augusto, DuArteTUGA, Eve Matines, Gabriel Filpi e Thiago Fonseca, trará não só a resistência do camponês, mas sim a expressão dos desejos e anseios de uma nação Sem Terra. Vislumbrada como um ato de resistência mediante a situação de miséria, o retorno do Brasil ao mapa da fome, e o sentimento de revolta coletivo instalado junto ao povo brasileiro, mediante ao cenário caótico do país. A pintura da empena vem para ocupar a cidade como um ato de rebeldia do Movimento Sem Terra. 

É um pouco do que podemos esperar do mural que vai se revelando durante o processo de feitura e fica pronto para exposição a partir do dia 25/09. 

“Para nós, significa muito um projeto como o Cura assumir também essa luta e é muito simbólico, pintar uma fachada no centro de Belo Horizonte, em frente ao Mercado Central, pois nos remete à discussão da fome. O alimento é direito humano e é inadmissível mais de 33 milhões de brasileiros passando fome”, afirma Guê Oliveira, do Coletivo Estadual de Cultura do MST, que traz em sua fala trechos de poesia de Pedro Tierra para ilustrar e instigar o que está por vir com a pintura do mural. “A Liberdade da Terra não é assunto de lavradores, a liberdade da terra é assunto de todos quantos se alimentam dos frutos da Terra”.

Movimento Sem Terra, por Terra, Arte e Pão.

*Editado por Solange Engelmann