Despejo

Famílias Sem Terra sofrem despejo em áreas de monocultivo de eucalipto na Bahia

As áreas foram ocupadas na última semana, cobrando um compromisso feito pela empresa Suzano Papel e Celulose de dispor terras para assentar 650 famílias na região
Imagem Paulinho e Daniel Violal/Coletivo de Comunicação do MST-BA

Por Coletivo de Comunicação do MST-BA
Da Página do MST

Nesta terça-feira (07), as famílias Sem Terra acampadas nas três áreas da empresa Suzano Papel e Celulose foram vítima de despejo do local. O primeiro aconteceu no período da manhã em Mucuri, logo depois, em Teixeira de Freitas e Caravelas, todas localizadas na região do extremo sul da Bahia.

As áreas foram ocupadas na última semana, como forma de cobrar um compromisso feito pela multinacional papeleira de dispor terras para assentar 650 famílias na região.

A reintegração de posse ocorreu de forma pacífica e foi acompanhada pela Assistência Social, muitos policiais militares (CAEMA) e pelos seguranças da empresa. Os trabalhadores e trabalhadoras rurais que sofreram o despejo seguiram para acampamentos vizinhos.

Imagem Paulinho e Daniel Violal/Coletivo de Comunicação do MST-BA

Mesmo após a desocupação da área, as famílias reafirmaram a disposição para seguir na luta, para que seja reconhecido o direito Constitucional da execução da Reforma Agrária. E aguardam com expectativa o resultado da reunião marcada para esta quarta-feira (08), às 14h, em Brasília/DF, que será mediada pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), onde estarão reunidas as partes que representam a empresa, o MST, governo federal e governo estadual.

Impactos do deserto verde dos eucaliptos

Em denúncia, Eliane Oliveira, da direção estadual do MST-BA, afirma que “no extremo sul da Bahia, 70% das áreas agricultáveis estão sob domínio da empresa Suzano, que está nesse território há mais de três décadas, causando problemas ambientais e sociais seríssimos”.

As famílias que moram nas áreas próximas das instalações da papeleira, sofrem com a pulverização aérea de agrotóxicos, com o sumiço das abelhas, com os problemas relacionados à escassez hídrica e envenenamento das águas nos municípios, tudo isso como impacto do deserto verde dos eucaliptos”, completa Oliveira.

A partir disso, os Sem Terra questionam a quem interessa que este modelo seja reconhecido como “produtivo”, já que é a população, os trabalhadores e trabalhadoras da região que pagam o alto custo da suposta produtividade, que enriquecem multinacionais e empobrecem os locais.

Sabemos que a agricultura familiar emprega duas vezes mais que o agronegócio. Dos mais de 15 milhões de postos de trabalho ocupados por trabalhadores e trabalhadoras rurais, mais de 10 milhões são da agricultura familiar. Já o agronegócio, do qual fazem parte as papeleiras, lucram bilhões sobre a superexploração da vida e dos recursos naturais.
Por essa razão, o MST luta pela Reforma Agrária Popular, fazendo contraponto à concentração fundiária, e pelas produção agroecológica, para assim, melhorar as condições de vida para as pessoas que vivem no campo, combatendo pela raiz os flagelos sociais, em especial, a fome, a miséria e levando desenvolvimento ao campo por meio do cumprimento da função social da terra.

*Editado por Solange Engelmann