Cultura Popular

Conheça 9 experiências de teatro com a participação do MST

No Dia Mundial do Teatro, neste 27 de março, comemore essa data com arte, cultura e Reforma Agrária Popular
MST estreia no Theatro Municipal de SP. Foto: Maria Silva/Acervo MST

Por Wesley Lima
Da Página do MST

Nesta segunda-feira (27), comemoramos o Dia Mundial do Teatro. Para o Movimento Sem Terra é uma data de vivência artística, pedagógica e popular, a partir das diversas experiências construídas e vividas pelo Movimento ao longo dos seus quase 40 anos.

A data foi construída em homenagem ao “Teatro de Paris”, inaugurado em 27 de março de 1961, marcando a comemoração do Dia Mundial do Teatro. A ideia é que nessa data, ações possam ser desenvolvidas pela sociedade civil e instituições públicas para prestigiar e manter viva a memória dos profissionais do teatro.

O dia foi criado pelo Instituto Internacional do Teatro, um órgão com origem em 1948 e ligado à Unesco. Como uma das instituições ligadas à Organização das Nações Unidas (ONU), a Unesco atuava na promoção da paz mundial. A data surgiu no contexto de reconstrução de uma parte do mundo destruído pelas guerras e pelos regimes fascistas e nazistas.

No MST, a prática teatral é “forma” e “conteúdo”, alinhados a luta pela terra e ao processo de organização e formação popular.

Em artigo, publicado na Página do MST, Douglas Estevam, do Coletivo Nacional de Cultura do Movimento, conta que a intervenção teatral mais significativa foi realizada na Marcha Nacional de 2005, quando 270 militantes de todo o país participaram de uma encenação do que chamamos de Teatro Procissão e dezenas de peças foram apresentadas nos mais de vinte dias de marcha para os 12 mil marchantes.

Leio o artigo AQUI: Teatro e luta de classes

A partir dessa e outras de experiências construídas ao longo da história, o MST compreende o teatro como uma forma de intervenção humana e uma forma de luta social e política, com o objetivo de contribuir com as diversas formas de ação criada pela classe trabalhadora na luta pela sua emancipação.

Pensando nisso, conheça algumas iniciativas importantes construídas ou vividas pelo Movimento como parte da construção da Reforma Agrária Popular:

1. Brigada Patativa do Assaré

Em 2001, Augusto Boal iniciou um processo de formação teatral com militantes do MST, que resultou na formação de dezenas de grupos em todo o país, organizados na Brigada Nacional de Teatro do MST – Patativa do Assaré, trabalhando com várias técnicas do Teatro do Oprimido e outras formas teatrais.

Turma de formação Patativa do Assaré. Foto: Acervo MST

Uma ampla produção dramatúrgica foi realizada pelos militantes do Movimento, com peças abordando nossa formação colonial, as lutas camponesas, negras e indígenas, questões de gênero e raciais, problemáticas ambientais e do agronegócio, os impactos destrutivos do capitalismo e do imperialismo.

2. Participação na Ópera Café

No dia 3 de maio de 2022, o MST estreou no Theatro Municipal de São Paulo com a ópera “Café”, que foi criada a partir do libreto de Mário de Andrade, publicado em 1942. A obra recebe em sua adaptação contemporânea a direção de Sérgio de Carvalho, dramaturgo, pesquisador, professor e fundador da Companhia Latão, com uma longa carreira dedicada ao teatro.
Durante uma semana, o MST ocupou com muita luta e arte o Theatro, compondo esse grande espetáculo que narra processos de históricos e atuais da luta por direitos em nosso país.

Saiba Mais: “O teatro é do povo”, afirma Sérgio de Carvalho sobre estreia do MST no Theatro Municipal de SP

ASSISTA AQUI: VLOG | Ópera Café – O teatro é do Povo

3. Escola Popular de Teatro (AL)

Iniciativa construída pelo Laboratório Alagoano de Teatro do Oprimido (LATO) e o MST, a Escola Popular de Teatro teve início no dia 5 de setembro de 2020 em Alagoas, na perspectiva da formação de multiplicadores em Teatro Popular.

O curso “Teatro Popular & o Fio de Ariadne”, faz analogia ao Mito Grego em que a princesa Ariadne, a partir de seu fio vermelho, permitiu a saída de Teseu do labirinto do minotauro. Traduzido para os dias atuais, o curso relaciona o fio com o teatro, utilizando esta arte como possível condutora para contribuir com as possíveis saídas dos labirintos em que a sociedade vive hoje.

A Escola Popular realiza ações de formação voltadas ao público alagoano que atua em comunidades, associações, movimentos e nas diversas organizações sociais.

Saiba Mais: escolapopulardeteatro.al

4. Escola Popular de Teatro e Vídeo de São Paulo

De 17 a 31 de julho de 2019, 20 educandos das 10 regionais do MST no estado de São Paulo participaram, no acampamento Irmã Alberta, município de Cajamar, da 1ª Turma da Escola Popular de Teatro e Vídeo do estado de São Paulo. Neste espaço, a “Companhia Antropofágica de Teatro” tem construido a sua sede. O curso dividiu-se em quatro eixos: teoria política, dramaturgia, interpretação e ensaio e audiovisual.

SAIBA MAIS AQUI! MST realiza Escola Popular de Teatro e Vídeo de São Paulo

5. Encontro Internacional de Teatro Político Augusto Boal

Com mostras teatrais e discussões políticas, o Encontro Internacional reuniu grupos de todo o país em Maricá (RJ), entre os dias 22 e 26 de junho de 2016. As atividades integraram parte da programação do I Festival Internacional da Utopia, que ocorreu na cidade.

Fizeram parte da programação nove espetáculos de diferentes companhias, entre elas, a Cia do Latão, e de artistas como o paraíbano Alfim Márcio Marciano e a indiana Jana Sanskriti. A articulação para o encontro deve muito às reuniões nacionais Teatro e Sociedade, em Brasília (DF) e em São Paulo (SP).

Outro ponto importante foram as atrações. Grandes figuras brasileiras como a sambista Beth Carvalho, a banda Detonautas e o rapper Emicida participaram do evento. Entre as atrações internacionais, estiveram a filósofa socialista e militante negra Angela Davis e o escritor e ativista paquistanês Tariq Ali.

Saiba mais AQUI: Maricá realiza 1º Festival Internacional da Utopia, com diversas atividades gratuitas.

6. Grupo Banzeiros

Apresentação teatral Grupo Banzeiros. Foto: Acervo MST

O Coletivo Banzeiros de teatro do MST é composto por militantes do movimento da região amazônica, que surgiu em 2016, após o Acampamento Pedagógico da Juventude Sem Terra, realizado na curva do S, no Pará. O Acampamento acontece anualmente no mesmo local onde há 25 anos ocorreu o massacre de Eldorado do Carajás, na estrada que liga Marabá a Paraupebas.

Uma das atividades que envolveu o Coletivo foi a participação no filme “Fala da Terra”, que esteve presente na mostra “Five Times Brazil”. Entre os dias 26 de agosto e 30 de outubro de 2022, a obra também foi exibida no Brasil no Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (MASP), durante a exposição “Histórias Brasileiras”.

Veja mais Aqui: MST ocupa museu em Nova York em mostra de Barbara Wagner e Benjamin de Burca.

7. Grupo de Teatro do MST Filhos da Mãe… Terra (São Paulo)

O grupo Filhos da Mãe… Terra é formado por artistas do MST do assentamento Carlos Lamarca, que fica em Sarapuí, interior de São Paulo. O trabalho que foi apresentado é “Fazendeiros e Posseiros”, baseado na peça de Horácios e Curiácios, de Bertold Brecht. Essa é a primeira realização de uma série de intercâmbios que o Estúdio do Latão pretende realizar com integrantes de movimentos sociais.

Confira mais aqui: Grupo de teatro do MST se apresenta em novo espaço da Companhia do Latão!

8. Radionovela Rosa Luxemburgo

Em dez capítulos, a radionovela conta a história da militante socialista desde o seu nascimento, em 1871, até sua morte em 1919, passando pelos temas mais relevantes de sua obra e militância política. A obra da Rosa tem várias dimensões que são muito importantes para os movimentos sociais. E a radionovela contribuiu e segue contribuindo para a formação e um conhecimento em torno das obras da Rosa.

A iniciativa é uma parceria entre a Fundação Rosa Luxemburgo, a Radioagência Brasil de Fato e o Coletivo de Cultura do MST.

Escute AQUI: No ar: radionovela Rosa Luxemburgo

9. Radioteatro “Nossas ideias, nossas lutas”

Durante a quarentena, provocada pela pandemia de Covid-19, o Movimento Sem Terra tem trazido uma série de medidas para promover trabalho, alimentação, moradia e vida digna para o pais. Esta é a base do Plano Emergencial de Reforma Agrária e, diante do desafio de apresentar o documento em diversos formatos, foi lançado esta semana a radioteatro “Nossas Ideias, Nossas Lutas”.

Durante uma semana, as famílias assentadas e acampadas do MST, assim como a sociedade em geral, pode acompanhar cinco episódios que mostram a intencionalidade do Plano Emergencial, construção do Movimento Sem Terra para a sociedade brasileira dentro da conjuntura da pandemia. O resultado final é um trabalho conjunto da Frente Palavras Rebeldes, frente de literatura diretamente ligada ao Setor de Cultura do MST, com a Frente de Rádio do Setor de Comunicação do MST.

Escute e saiba mais AQUI: De forma poética, radioteatro explica o Plano Emergencial da Reforma Agrária

*Editado por Solange Engelmann