Meio Ambiente

Pantanal: mais do que um bioma

Embora seja um dos menores biomas do mundo, o Pantanal é um dos mais ricos em biodiversidade, abrigando uma grande variedade de espécies da fauna e flora brasileira
Foto: Gustavo Figueirôa/ONG SOS Pantanal (2020)

Por Isabella Procópio Perez*
Da Página do MST

Com aproximadamente 220 mil km², a área do Pantanal é delimitada pelos ciclos de inundação e seca, que ocorrem em determinados meses do ano. Ele se estende por parte dos estados brasileiros de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, além de territórios no Paraguai e Bolívia.

Além de sua notável biodiversidade e vegetação, o Pantanal desempenha um papel fundamental no ciclo hídrico, essencial para a manutenção do ecossistema. Ele também caracteriza uma das maiores áreas úmidas do planeta, contribuindo para o equilíbrio de toda vida que depende desse bioma.

Embora não seja sua característica principal, esse bioma tem uma função significativa no ciclo global do carbono. Sua vegetação, solo e áreas alagadas atuam como reservatórios de carbono, armazenando esse elemento e, consequentemente, contribuindo para a redução dos gases de efeito estufa responsáveis pelas mudanças climáticas.

Movimento carbono zero e a sua via de mão dupla

Nos últimos anos, a redução das emissões de carbono tem ganhado destaque em diversos setores, inclusive no capitalista. Isso ocorre devido à crescente evidência dos impactos das mudanças climáticas, que se tornam cada vez mais visíveis em nosso cotidiano.

A iniciativa “carbono zero” envolve a criação de estratégias para diminuir a emissão de carbono, buscando atingir níveis que a natureza consiga absorver. Nesse cenário, o Pantanal se destaca como um dos principais reservatórios de carbono. No entanto, além de enfrentar crises climáticas frequentes, o bioma sofre com emissões de carbono que ultrapassam sua capacidade de armazenamento.

Esse desequilíbrio nas emissões de gases de efeito estufa gera impactos negativos significativos. Além de contribuir para as mudanças climáticas, ele agrava a degradação do solo, facilita a proliferação de pragas e doenças, provoca escassez de água e compromete a produção de alimentos, especialmente os saudáveis.

É importante entender que o agronegócio, predominante nas regiões pantaneiras, tem adotado o discurso de “carbono zero” principalmente como uma estratégia para ocultar seu elevado impacto nas emissões de gases de efeito estufa.

Com narrativas contraditórias e soluções muitas vezes inviáveis, o sistema capitalista tenta se apropriar do discurso de sustentabilidade, promovendo descarbonização e preservação ambiental. No entanto, a questão central que persiste é: como podemos promover uma luta ambiental realmente eficaz sem confrontar o modelo de produção capitalista?

Em resposta a essa questão, o Plano Nacional “Plantar Árvores, Produzir Alimentos Saudáveis” apresenta uma proposta ambiciosa. Seu objetivo vai além do que o nome sugere, destacando a necessidade de uma reforma agrária popular que promova a agricultura familiar, garanta a soberania alimentar por meio da produção de alimentos sem agrotóxicos e adote a agroecologia como caminho para reduzir os impactos ambientais. Além disso, o plano denuncia o sistema destrutivo que caracteriza o agronegócio.

*Material produzido durante o Curso Comunicação e Questão Ambiental do MST