Plante uma Árvore

Semear o Futuro: MST doa mudas e sementes durante 5ª Feira Nacional

Por meio do Plano Nacional “Plantar Árvores, Produzir Alimentos Saudáveis”, o MST promove um movimento de reflorestamento e agroecologia como resistência ao agronegócio e articulação com a sociedade urbana.

A troca de semente é um ato de solidariedade. Foto: André Gouveia

Por Nadson Ayres/Equipe de texto 5ª Feira da Reforma Agrária
Da Página do MST

No coração da 5º Feira Nacional da Reforma Agrária, entre barracas de alimentos orgânicos e rodas de conversa sobre agricultura popular, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) realizou um expressivo ato de doação de mudas e sementes como parte de uma ampla estratégia agroecológica voltada à transformação do campo e da cidade. A ação está inserida no Plano Nacional Plantar Árvores, Produzir Alimentos Saudáveis, lançado em 2020, que tem como objetivo plantar 100 milhões de árvores em dez anos, recuperar áreas degradadas, fortalecer a soberania alimentar e construir uma relação de diálogo com os centros urbanos.

Segundo Meriely Oliveira, integrante do coletivo responsável pelo Plano Nacional, o momento da doação de mudas e sementes representa muito mais do que a simples distribuição de espécies vegetais. “As sementes e mudas doadas – frutíferas, hortaliças, medicinais e nativas – fazem parte de um processo mais amplo de diálogo com a sociedade, de reconstrução ambiental e de produção de alimentos saudáveis nos territórios”, afirmou. A proposta do Plano é também política: reforçar a agroecologia como um caminho viável de produção agrícola e de cuidado com os bens comuns, como a água, o solo e a biodiversidade, conectando a luta dos assentamentos com os anseios das cidades por alimentação de qualidade e preservação ambiental.

Feirantes e população paulistana participaram do momento simbólico. Foto: André Gouveia

A iniciativa mobilizou moradores urbanos de diferentes perfis e idades, como Marianah Belato, que compareceu à feira para recolher mudas destinadas a um projeto de corredor ecológico em torno do estádio do Corinthians, em São Paulo. “Acho essa iniciativa maravilhosa. As mudas que estou levando vão ser muito importantes para o nosso plantio de árvores nativas. É uma forma de devolver algo à cidade”, contou, destacando ainda o papel formativo das ações, que incluem oficinas e rodas sobre árvores brasileiras e agroecologia.

Além da ação direta, o ato é também um instrumento de denúncia. O engenheiro agrônomo José Carlos Perdigão, que atua com assentamentos do MST, afirmou que o Plano ajuda a romper com a concentração fundiária e a lógica do agronegócio. “A distribuição de mudas e sementes tem um valor simbólico e prático enorme. É uma forma de mostrar que existe alternativa ao modelo que degrada, polui e envenena os alimentos”, declarou. Para ele, a agricultura popular e os pequenos produtores são os verdadeiros responsáveis por alimentar a população, e não o modelo industrial de produção.

A experiência também tocou participantes que estavam em sua primeira vivência com o movimento. “Gostei muito. Ganhei mudas e ainda comprei outras para plantar em casa. Acho muito importante essa luta pela natureza e pelos produtos naturais”, relatou Sonia Inácio de Jesus, moradora local que se emocionou ao participar da ação.

Com essas ações, o MST reafirma que plantar árvores e produzir alimentos saudáveis são atos políticos, ambientais e sociais. É através da articulação entre campo e cidade que o movimento fortalece o projeto da Reforma Agrária Popular, defendendo territórios vivos e produtivos, com agroecologia, cultura local, e justiça social. O ato de doar mudas, nesse sentido, é mais do que uma gentileza: é o convite para que cada cidadão se torne parte ativa de uma mudança urgente e necessária.

* Editado por Diógenes Rabello