Contaminação da água aumentou cinco vezes em dez anos

O relatório “O estado real das águas no Brasil”, que será apresentado na ONU (Organização das Nações Unidas) em outubro, indica que a contaminação da água aumentou cinco vezes nos últimos dez anos. O projeto foi realizado pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Ministério Público Federal (MPF), Defensoria da Água, Cáritas Brasileira e Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e apresenta um balanço da situação de contaminação das águas no Brasil.

O relatório questiona também o desempenho sócio-ambiental das indústrias dos setores de petróleo, papel, celulose e siderurgia, grandes usuários de recursos naturais. Entre as avaliadas estão Petrobrás, Aracruz, CNS, Gerdau e Cosipa.

Segundo Leonardo Morelli, secretário geral de Defensoria da Água, os dados publicados revelam que a contaminação avança rapidamente: “se a contaminação continuar no ritmo em que está, nos próximos dez anos a situação será muito crítica. Este relatório quer chamar atenção para isso, para o que estamos fazendo com a água, nosso bem público mais precioso”, coloca.

Um ponto importante do relatório é a avaliação crítica feita pelos pesquisadores do Observatório do Desempenho Sócio-Ambiental da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ ) em relação à omissão dos passivos ambientais das empresas. Segundo a coordenadora do estudo, professora Araceli Ferreira, da Faculdade de Administração e Ciências Contábeis da UFRJ, “na lei 6404/76 das sociedades anônimas, as empresas são obrigadas a registrar suas contingências, sejam elas trabalhistas, fiscais ou de outra natureza, enquanto que os riscos ambientais sequer são reconhecidos”, alerta.

O estudo foi realizado entre 2003 e 2004.