Atingidos por barragem sofrem ação violenta da polícia em Goiás

Fonte MAB

Um confronto ocorrido na tarde de hoje entre a Policia Militar de Goiás e agricultores do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), resultou prisão de uma liderança, Cristiane Nadaletti, e outras seis pessoas feridas, porém o número ainda não foi confirmado. Os agricultores estão acampados desde segunda-feira em frente ao portão de acesso à barragem de Cana Brava, no município de Minaçú. Na ação polícia, considerada extremamente violenta, sendo que vários tiros foram disparados contra o acampamento.

A construção da obra expulsou 986 famílias que viviam da agricultura de subsistência, pesca e mineração e o MAB reivindica que ela sejam assentadas. A barragem de Cana Brava é da empresa Tractebel Energia, subsidiária da Suez-Tractebel, com sede em Bruxelas, Bélgica. A obra encontra-se em operação no Rio Tocantins há três anos.

A empresa se recusou a receber os atingidos para a negociação da pauta, o que levou os manifestantes a impedir a troca de turno dos funcionários, como forma de pressão. Agenor da Costa, liderança do MAB na região, afirma que o clima no local é tenso, mas apesar das prisões, os atingidos continuarão mobilizados. “Os agricultores decidiram em assembléia que não desmobilizarão o acampamento enquanto todas as suas reivindicações não forem atendidas”, afirma.

Sobre a empresa, recaem denúncias de participação em fraude no processo de privatização da Estatal ELETROSUL, demissão e maus tratos a funcionários, além de inúmeros crimes ambientais e sociais cometidos durante a construção de projetos de barragem.

O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), que através do seu setor privado financiou parte da obra, realizou por exigência do MAB auditorias na condução do processo de indenização. Segundo o movimento, em todos os relatórios ficaram evidenciadas irregularidades. Sob pressão, a Tractebel pagou adiantado a dívida com o Banco.

A notícia da ação da polícia em Minaçú vem acompanhada da informação de que o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) financiará a empresa Tractebel com 2,4 bilhões de reais para a construção da UHE de Estreito, no Rio Tocantis, o que contraria a reivindicação do MAB que nenhuma empresa que tivesse passivo social recebesse novo financiamento.