Empresa canadense prejudica meio ambiente para explorar ouro e prata nos Andes

A companhia de mineração canadense Barrick Gold planeja remover mais de 24 hectares de geleiras dentro do Projeto Pascua Lama em territórios que pertencem ao Chile e a Argentina na Cordilheira dos Andes. As geleiras Toro I, Toro II e Esperanza, que alimentam de água o vale do Huasco, na zona desértica do Atacama, serão transpostas em uma operação inédita.

O motivo de tanto esforço é a riqueza do subsolo andino para a extração de minerais. Apenas em ouro, calcula-se que existam 17 milhões de onças, além de 635 milhões de onças de prata. Segundo a companhia, a exploração da região geraria uma produção anual de aproximadamente 750 mil onças de ouro e 30 milhões de onças de prata nos primeiros 10 anos. Uma onça é equivalente a 28,23 gramas.

No entanto, não se sabe quanto o projeto vai afetar as geleiras e o meio ambiente. “É uma experiência nunca realizada no mundo. As conseqüências serão graves”, alerta o engenheiro da Comissão Nacional Florestal do governo do México Hiran Avila Todelo.

O curso da inversão é de 950 milhões de dólares e o projeto tem um vida útil de 20 anos, segundo as atuais reservas. A exploração deve começar em 2006, como divulga a empresa Barrick: “a respeito do projeto binacional na Província de San Juan, na Argentina, e na 3ª região do Chile, se encontram em tramitação as permissões ambientais correspondentes. Também já tivemos avanços em assuntos pendentes de caráter fiscal”.

Em 28 de abril, 13 organizações da sociedade civil enviaram uma carta à Barrick pedindo que cesse imediatamente as obras. Segundo o texto, “esse projeto usa compostos químicos perigosos, entre os quais cianureto e ácido sulfúrico, que geram dejetos tóxicos, ácidos e metálicos pesados e liberam arsênico, contaminando os rios, os aqüíferos, o ar e a terra”.

Os movimentos também alertam que “a empresa não está em condições de assegurar e materializar ações de reparação em casos de acidentes, infiltrações ou qualquer outra conseqüência das atividades de mineração”.

A Barrick se defende, dizendo que está realizando programas na área para capacitar a população com medidas de segurança e prevenção a riscos de impacto. Porém, um ex-funcionário da companhia, Fredy Espejo, que agora concede entrevistas sobre as ações da Barrick denunciou publicamente que “o estudo de Impacto Ambiental do projeto hoje não pode ser considerado definitivo. A mineradora exerce seu próprio controle e a produção causará danos graves, como erosões e desertificação”. Entre os acionistas da Barrick está George Bush, ex-presidente dos Estados Unidos.

Para Hiran Toledo, o tempo é curto. “O projeto começa a funcionar no próximo ano porque os pequenos agricultores da região conseguiram atrasá-lo. É preciso que todos saibam o que acontece no Chile. Ninguém diz nada”, coloca Toledo.