A questão agrária no Brasil / Volume II – O debate na esquerda: 1960-1980

João Pedro Stedile (org.)

Com textos de Andre Gunder Frank, Ruy Mauro Marini, Paulo Wright, Octavio Ianni, Jacob Gorender e Mário Maestri. Os autores analisam a grande polêmica da visão apresentada no volume anterior, que chamam de “o mito do feudalismo”, aprofundando a análise das relações de produção no campo brasileiro.

Editora Expressão Popular
320 páginas

Resenha:
Este livro, o segundo volume da coleção, complementa as análises sobre a natureza da questão agrária desde o período colonial até a década de 1960. São textos que podem ser considerados as reflexões de pensadores no campo da esquerda. A reflexão de Andre Gunder Frank acompanha todo o processo visto no volume I. Frank foi o primeiro, numa perspectiva marxista clássica, a fazer uma crítica às teses do PCB da existência do feudalismo na agricultura brasileira. Ruy Mauro Marini, um dos pensadores e elaboradores da teoria da dependência, critica o fato de Caio Prado esperar que as relações sociais capitalistas se estendessem por toda a agricultura e que a questão da terra fosse resolvida antes pelo capitalismo. E, de certa forma, desprezar o papel do campesinato e das massas trabalhadoras. Paulo Wright une teoria e ação política. A Ação Popular, organização política na qual militava, teve grande atuação política entre o campesinato. O texto revela o esforço teórico que era feito na época, mesmo nas piores condições de clandestinidade e de luta política. Octavio Ianni descreve as novas relações sociais existentes na agricultura brasileira e demonstra como o capitalismo predominava. A pesquisa e as teses de Jacob Gorender sepultam qualquer interpretação feudal e constroem um novo conceito de interpretação da existência de um modo de produção colonial, capitalista, baseado na organização das fazendas em plantation. Mário Maestri, em seu ensaio, explica como foi a formação do campesinato brasileiro, do ponto de vista do modo de produção, a partir da falência da plantation e do modelo agroexportador escravocrata. Por último, um texto que foi a ponte entre o passado anterior à ditadura militar de 1964 e os anos de 1980: “A Igreja e os problemas da terra no Brasil” é uma contribuição à interpretação da realidade agrária brasileira e suas relações sociais e de produção. Descreve como os capitalistas se utilizam da propriedade da terra para se apropriarem da renda da terra e como a concentração da propriedade da terra é base das relações sociais injustas no meio rural brasileiro.