Padre Schio, eterno apoiador da Reforma Agrária

Um dos mais importantes apoiadores da Reforma Agrária no Rio Grande do Sul morreu na quarta-feira passada (22/11), em Antônio Prado, após uma enfermidade que impedia sua movimentação. João Bosco Luiz Schio, 73 anos, nasceu em Santa Justina, interior de Caxias do Sul, e foi ordenado padre em dezembro de 1957, em Bento Gonçalves. “Ele dedicou a vida aos camponeses pobres do estado”, afirma o deputado Frei Sérgio Görgen.

Padre Schio foi nomeado assistente nacional da JAC (Juventude Agrária Católica) em 1964, no Rio de Janeiro. O movimento, pioneiro em reunir os jovens do campo no Brasil, deu origem aos sindicatos de trabalhadores rurais. Sua missão era percorrer o país promovendo cursos e lazer nas comunidades. A atividade foi estendida a toda a América Latina, por onde ele viajou de 1966 a 1970, na equipe latino-americana da JAC.

De volta ao Brasil, assumiu a Paróquia de Antônio Prado. Realizou um trabalho piloto na organização das comunidades de uma grande cooperativa da região e aplicou à agricultura o método Paulo Freire, que busca com que a comunidade construa a sua caminhada.

Em 1976, padre Schio foi um dos fundadores da CPT (Comissão Pastoral da Terra) no Brasil. No mesmo ano, como presidente da entidade, esteve entre os criadores da Romaria da Terra no Rio Grande do Sul, berço das futuras caminhadas do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra.

“Padre Schio foi uma bênção de Deus para a caminhada dos pobres da terra. Sua atuação incentivou o surgimento de muitas associações de produtores ecológicos, inclusive o Centro Ecológico de Ipê”, conta o padre Júlio Giordani, com quem ele trabalhou por cerca de 30 anos.