Governo resgata quatro trabalhadores de fazenda de prefeito

O grupo móvel de fiscalização do Ministério do Trabalho e Emprego retirou, na última sexta-feira, 27, quatro pessoas em situação degradante de trabalho da fazenda Verena II, no município de Novo Repartimento, Estado do Pará. Os quatro – um pai e três filhos, sendo um deles com 17 anos – limpavam o pasto que pertence a Adelson Souza de Oliveira (PMDB), prefeito do município baiano de Iaçu. Proprietário nega irregularidades e afirma que é alvo de “sensacionalismo”.

De acordo com o coordenador do grupo móvel, o auditor fiscal do trabalho Klinger Moreira, a fazenda que está distante 100 km do povoado de Vila Maracajá, na rodovia Transamazônica, possui cerca de 2500 cabeças de gado e 600 alqueires de área. Adelson afirmou que metade dessa área pertence a ele (o que equivaleria a 800 hectares) e metade ao irmão.

Segundo Klinger, os quatro estavam em barracões de lona no meio da mata, sem condições de segurança e higiene e sem água potável desde o dia 19 de março. As ferramentas de trabalho e os equipamentos de proteção individual – que, por lei, devem ser fornecidos gratuitamente pelo empregador – estariam sendo descontados dos salários dos trabalhadores.

“Isso não procede. Estão fazendo sensacionalismo. A lona era para descanso dos trabalhadores ao meio dia. Eles têm alojamento na fazenda e os meus funcionários possuem carteira assinada.” Adelson de Oliveira afirma que todos estavam ali por opção própria. “Nonato [o pai da família] já trabalhou comigo várias vezes na fazenda. Ele mesmo deu uma declaração que se dá muito bem comigo e com a fazenda.”

O prefeito afirma que vai levar a questão à Justiça por abuso de poder. “Eles acham que a realidade do trabalhador em um serviço rural é como se fosse em uma Ford ou uma GM”, reclama o prefeito.

“O proprietário se aproveita de uma situação desesperada dos trabalhadores para colocá-los em uma situação como aquela”, afirma Klinger. “O trabalhador não tem outra condição de vida. Aí chega ao absurdo de considerá-lo um bom empregador.” Além dos auditores fiscais também participaram da operação a Polícia Federal e o Ministério Público do Trabalho.

De acordo com Adelson, até esta quarta-feira os seus advogados devem regularizar a situação na Delegacia Regional do Trabalho. O grupo móvel de fiscalização permanecerá na região até que os trabalhadores recebam os salários e direitos trabalhistas.

Fonte: Blog do Sakamoto