Luta da Via Campesina contra os crimes da Syngenta continua

A luta das 70 famílias acampadas da Via Campesina, no campo de experimento ilegal de soja e milho transgênicos da multinacional suíças Syngenta Seeds, em Santa Tereza do Oeste, no Oeste do Paraná, continua na justiça contra os crimes da transnacional.

Na última terça, dia 10, os camponeses iniciaram o processo de retirada da área, devido às sucessivas medidas de reintegração de posse concedidas pela Justiça estadual à empresa e à exigência da transnacional de utilização de força policial contra os camponeses.

A Via Campesina utilizou-se de vários recursos jurídicos perante o Tribunal de Justiça do Estado do Paraná para garantir a permanência dos camponeses no local. A maioria das ações, ainda estão tramitando na Justiça.

Atualmente, o forte cheiro de agrotóxicos e a contaminação da biodiversidade praticada pela Syngenta, é parte do passado do antigo campo de experimentos. Desde que chegaram no campo de experimento de 127 hectares, os camponeses vêm trabalhando pela recuperação do solo, com a produção de sementes crioulas, em sistemas agroecológicos. As sementes serão distribuídas a camponeses de todo o Brasil durante a VI Jornada de Agroecologia, que acontece de 11 a 14 de julho na Unioeste, em Cascavel.

Também foram plantadas na área mais de 3.000 mudas de árvores nativas. A
existência das árvores nativas inviabiliza o cultivo de transgênicos no campo experimental, porque a legislação ambiental proíbe seu corte. A Via Campesina espera que a empresa não destrua estas árvores.

As famílias que resistiram por mais de um ano, acampadas na área, desde março de 2006, seguiram para o assentamento Olga Benário, no mesmo município, que num ato de solidariedade estão acolhendo os trabalhadores que não têm para onde ir.

A ocupação e a resistência das famílias acampadas tornou os crimes da Syngenta conhecidos em todo o mundo e o Acampamento recebeu a solidariedade internacional de mais de 300 organizações e dezenas de cientistas e outras personalidades.

Mesmo com a saída dos camponeses, a luta da Via Campesina pela desapropriação do campo de experimentos ilegais de transgênicos, e a sua transformação num Centro de pesquisa e ensino em Agroecologia continua. A Via Campesina continua exigindo que a transnacional pague a multa de R$ 1 milhão, aplicada pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), por não possuir licenças ambientais exigidas pelo órgão para realização de testes com transgênicos na fazenda localizada em Santa Tereza do Oeste. Praticando experimentos dentro da zona de amortecimento do Parque Nacional do Iguaçu.

Os camponeses também estão aguardando o julgamento dos recursos do governo
do Estado, no Superior Tribunal de Justiça, contra a anulação do decreto
de desapropriação e a reintegração de posse da área.