Famílias Sem Terra interditam estradas na Paraíba

Na manhã desta quinta-feira (27/11) as estradas da Paraíba amanheceram interditadas pelas famílias Sem Terra que exigem a realização da Reforma Agrária, com o assentamento das 2.300 famílias acampadas no estado. Do litoral ao sertão foram seis pontos fechados:

– BR 230, próximo a Cajá -200 Sem Terra

– BR 104, entre o município de Remigio e Arara – 230 Sem Terra

– PB 073, próximo ao município de Belém – 150 Sem Terra

– BR 110, entre o município de Sumé e Prata – 190 Sem Terra

– BR 230, próximo ao município de Condado – 200 Sem Terra

– BR 361, entre os municípios de Piancó e Catingueira – 210 Sem Terra

Os 1.180 trabalhadores rurais Sem Terra somente liberarão o trânsito quando estiver confirmada a vinda do presidente nacional do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), Rolf Hackbart, para garantir o assentamento das famílias.

Na última ocupação do Incra que ocorreu em julho de 2008, o superintendente Frei Anastácio prometeu assentar até o final do ano mil famílias Sem Terra no estado da Paraíba. Porém, cinco meses passaram e até o momento apenas 154 famílias do MST foram assentadas.

Os locais onde as áreas foram desapropriadas estão localizados na região do sertão e do Curimataú Paraibano, permanecendo intocáveis as terras do litoral, várzea e brejo, região onde as terras encontram-se destinadas ao grande capital agroexportador produtor de cana-de-açúcar destinada à exportação. Isso mostra a opção do governo pelo agronegócio, destinando as melhores terras para os grandes proprietários, enquanto isso a reforma agrária encontra-se parada perdendo cada vez mais recursos federais para sua realização e permanência. Apesar destas famílias terem conquistado a terra, a luta não para, pois a terra é o primeiro passo da luta por varias condições que um assentado necessita,como a conquista da casa, água, luz, estrada, credito para produção, escola, posto de saúde, tudo que permita uma vida digna no assentamento.

Os Sem Terra exigem do Incra o assentamento das 2300 famílias acampadas no estado que estão organizadas em 54 acampamentos localizados em varias regiões do litoral ao sertão. E que ainda esse ano seja cumprido os processos de desapropriação que já estão em curso final e necessita apenas de compromisso e agilidade da casa para realizá-lo. Dessas, 5 áreas já possuem o decreto de desapropriação e necessita apenas da agilidade do Incra local para avaliar as propriedades e decretar a imissão de posse. Outras 5 estão emperradas em Brasília esperando a assinatura do decreto de desapropriação. Sem falar nas áreas que esperam pressão do Incra a Prefeitura local para liberar a licença ambiental, esse é o caso da fazenda Carnaúba localizado no município de Cacimba de Areia, que já foi feita vistoria e deu improdutiva, falta apenas essa licença. Outras já foram feitas vistorias, mas numa grande lentidão os relatórios não ficam prontos. A proposta deles é ganhar os Sem Terra pelo cansaço, mas as famílias não desistem e permanecem lutando, pressionando o governo.

As famílias esperam há anos resistindo para conquistar um pedaço de terra para nela produzir alimentos e criar seus filhos. Acampamento como o Ouro Verde no município de Caaporã completa 6 anos de luta e resistência em baixo da lona preta esperando a desapropriação da fazenda. Outro como o acampamento Nova Conquista no município de Condado, resiste a 10 anos sofrendo as conseqüências de um governo que deixou a reforma agrária apenas na promessa. Ambos os acampamentos possuem grande produção de alimentos, tudo com recursos próprios e não vindo do governo.

O governo somente tenta inflar números para fazer propaganda, mas na verdade não tem coragem de desapropriar as fazendas dos grandes proprietários, e fazem colocamento de famílias em antigos projetos de assentamento ou assentam famílias em área publicas. Não desapropriando a terras improdutivas, tudo isso para não comprar briga com os donos do dinheiro e seus aliados, que são a minoria que concentram grandes extensões de terra.

Dessa forma,a famílias Sem Terra permanecem organizadas denunciando esse modelo escolhido pelo governo e exigindo que a reforma agrária seja realizada e as 2.300 famílias acampadas na Paraíba sejam assentadas, e as mais de 150 mil famílias acampadas no Brasil também conquistem sua terra. Pois só com a luta os do trabalhador são conquistados.