Vigília pede liberdade para o trabalhador Valdemir Augustinho

Cerca de 200 integrantes do MST, MTL (Movimento Terra, Trabalho e Liberdade), CPT (Comissão Pastoral da Terra) e MLST (Movimento de Libertação dos Sem Terra), de várias partes do estado de Alagoas, chegaram na manhã de hoje (30/04) ao centro de Maceió, para uma virgília em prol da liberdade de Valdemir Augustinho. O militante do MTL foi condenado a 24 anos de prisão por uma ocupação na antiga Usina Peixe, em Flexeiras, mesmo alegando que estava em Maceió no momento da ação.

O ato deve concentrar os trabalhadores rurais na praça Sinimbu e seguir em marcha até o Tribunal de Justiça como uma tentativa de sensibilizar o poder judiciário sobre o julgamento de lideranças dos movimentos de luta social. Desde terça-feira (28/04), uma liminar questionando a condenação está nas mãos do Juiz Otávio Leão Praxedes, com quem os quatro movimentos desejam se reunir ainda hoje.

Valdemir Augustinho de Souza, aos 29 anos, tem esposa e filha em Maceió. A ocupação de uma usina desativada, em 2001, no município de Flexeiras resultou anos mais tarde na condenação do dirigente do MTL em Alagoas, que, segundo as lideranças dos movimentos em virgília hoje, não estava presente na ação. Fruto das pressões do movimento campesino, a área da falida Usina Peixe já passa por processos de destinação à Reforma Agrária.

Para o militante do MTL, Rafael Simão é necessária uma sensibilidade por parte do judiciário com a questão, “pois o companheiro deve ser julgado tendo em vista sua situação de luta pela Reforma Agrária, não pode ser simplesmente julgado como um bandido, um qualquer”. Acrescenta, “em uma reunião com o juiz responsável vamos lembrar a ele que no processo de condenação não foram ouvidos testemunhas ou o Ministério Público”.

No Brasil, a condenação de lideranças dos movimentos populares infelizmente ainda é comum. Para aqueles que lutam pela terra, é difícil crer num poder judiciário que está umbilicalmente ligado ao poder das elites agrárias. Segundo Zé Roberto, dirigente do MST, “nos julgamento dos que lutam contra o atual projeto sócio-econômico, o poder judiciário sempre se colocou do lado da justiça de uma classe só. Mesmo assim, apelamos neste ato de virgília àquela fatia minoritária de juízes que buscam a justiça social”.