Fusão da Sadia e Perdigão causarão mais demissões

Com a fusão entre a Perdigão e a Sadia para a criação da Brasil Foods, demissões serão inevitáveis, previu ontem o ministro do Desenvolvimento e Indústria, Miguel Jorge. A união criará “sinergia” e redução de custos, mas também tornará muitos cargos redundantes, disse.

O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) confirmou que injetará recursos para financiar a fusão entre Sadia e Perdigão, que dará origem à Brasil Foods (BRF).

“Certamente haverá redução de quadros, não pode haver o mesmo número de diretores e gerentes”, disse Miguel Jorge ao desembarcar em Istambul, onde acompanha o presidente Lula e empresários em visita oficial.

“É preciso ficar claro o seguinte: não é proibido demitir. O que é proibido é demitir sem pagar os direitos dos trabalhadores”, afirmou.

O ministro acha que a fusão terá pouco impacto doméstico e não prevê problemas para a sua aprovação no Cade. Ele estima que a união permitirá à Brasil Foods ganhar mercado no exterior.
Miguel Jorge mostrou otimismo em relação à retomada das exportações brasileiras no segundo semestre e diz que já há sinais positivos, sobretudo graças à recuperação da demanda chinesa.

Embora Nildemar Secches e Luiz Fernando Furlan, copresidentes do conselho da BRF, tenham dito ontem que esperam não precisar da ajuda do banco estatal para financiar a empresa, o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, confirmou que participará do processo, mesmo que “nossa participação venha a ser mínima”.

Assim, o BNDES deve ajudar as três empresas brasileiras (Sadia, Votorantim Celulose e Aracruz) que tiveram pesadas perdas na crise por causa de operações financeiras atreladas ao dólar, classificadas como especulativas e muito criticadas pelo governo, incluindo o presidente Lula.

As informações são da Folha de S.Paulo