Primeira turma de Licenciatura em Educação do Campo se forma em Minas

 

Por Mary Cardoso
Da Página do MST

 

Por Mary Cardoso
Da Página do MST

Na última sexta-feira (19/2), 60 camponeses de alguns movimentos sociais do campo, dentre eles o MST, se formaram no curso de Licenciatura em Pedagogia da Terra na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Há cinco anos, os trabalhadores e trabalhadoras rurais iniciaram o curso – o primeiro do Brasil – numa parceria entre a Universidade e os movimentos sociais envolvidos, e instituído a partir de convênio com o Incra/MG e com o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), por meio do Pronera. O curso foi organizado em dois tempos. O Tempo Escola – que se refere ao período presencial na Universidade – e o Tempo Comunidade, que está ligado aos espaços de atuação de cada educando e educanda nos movimentos sociais. O projeto metodológico da turma de Pedagogia da Terra MST – Via Campesina – UFMG, na sua organicidade, desenvolveu atividades do curso dentro dos tempos educativos que aconteciam na Universidade, no centro de formação onde se alojavam os educandos e nos espaços de moradia e de atuação deles. Esta forma de organização é um dos principais diferenciais que fazem com que a formação acadêmica na Universidade contemple a realidade do povo do campo. O curso foi organizado em áreas de formação – Matemática, Ciência da Vida e da natureza, Ciências sociais e humanidades e Língua, Artes e literatura — e como eixo central a Educação do Campo, além da formação multidisciplinar nas séries iniciais do Ensino Fundamental. A turma se subdividiu nestas quatro áreas de formação e, durante alguns períodos, houve atividades separadas em cada área e em outros a formação coletiva do eixo Educação do Campo. Esta experiência se tornou uma importante referência para a criação de outros cursos, na própria UFMG e em outras universidades, como a Universidade de Brasília (UnB). O formato de curso por área de formação busca atender às necessidades específicas do campo, levando em conta a ausência de educadores nas escolas rurais. A turma foi nomeada Vanessa dos Santos em homenagem à menina de sete anos assassinada pelas costas no massacre ocorrido em Corumbiara, no estado de Rondônia, em 1995. A formatura foi marcada por muita emoção e, segundo os próprios educandos, a conquista do diploma servirá como ferramenta de fortalecimento da educação dos povos do campo nas áreas onde atuam.