Mulheres bloqueiam obras de barragem em Rondônia

Durante a manhã desta segunda-feira (8/3), cerca de 200 mulheres do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) e da Via Campesina trancaram por uma hora a estrada de acesso ao canteiro de obras da Usina Hidrelétrica de Santo Antônio. Elas estão mobilizadas pelo dia Internacional da Mulher e, em Porto Velho, protestam contra a construção das barragens no rio Madeira e todas as consequências negativas que as obras estão trazendo para a vida das mulheres.

Durante a manhã desta segunda-feira (8/3), cerca de 200 mulheres do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) e da Via Campesina trancaram por uma hora a estrada de acesso ao canteiro de obras da Usina Hidrelétrica de Santo Antônio. Elas estão mobilizadas pelo dia Internacional da Mulher e, em Porto Velho, protestam contra a construção das barragens no rio Madeira e todas as consequências negativas que as obras estão trazendo para a vida das mulheres.

Depois do protesto as manifestantes voltaram a se concentrar no acampamento localizado no ginásio Eduardo Lima e Silva, na Avenida Jatuarana, na capital. A programação segue com atividades de formação e debates sobre os direitos dos atingidos e das atingidas. A tarde elas irão para o bairro Vila Princesa onde localiza-se o lixão da cidade, local de trabalho de muitas mulheres. Lá, as manifestantes farão um debate com as catadoras sobre as condições de trabalho das mulheres e as convidarão a participar das atividades. O acampamento segue até amanhã.

A construção das barragens de Santo Antônio e Jirau causa inúmeros impactos sociais e ambientais. As mulheres são as principais vítimas destas construções, que acabam desestruturando as famílias. Outra grave conseqüência é a instalação de negócios da prostituição perto do canteiro de obras da barragem ou junto ao alojamento dos trabalhadores. “Essa estratégia das empresas tem o objetivo de “entreter” os operários, que estão longe de suas famílias há bastante tempo. Em alguns casos, há a mercantilização do corpo das mulheres com a venda de adolescentes para a prostituição, podendo até influenciar e facilitar o tráfico internacional de mulheres”, denuncia uma militante do MAB.

Lutas das mulheres por todo o Brasil

Durante esta semana as ações das mulheres da Via Campesina seguem por todo o Brasil, na semana passada as ações já iniciaram no Rio Grande do Sul, com trancamento de estradas e mobilizações na capital. E hoje inicia uma marcha organizada pelas mulheres da Via Campesina e da Marcha Mundial de Mulheres. Com o lema “Seguiremos em marcha até que todas sejamos livres”, elas marcharão de Campinas a São Paulo, realizando debates nas escolas, igrejas e clubes sobre temas como a autonomia econômica das mulheres, os bens comuns e serviços públicos (contra a privatização da natureza e dos serviços públicos) e a violência contra as mulheres.

As mulheres atingidas por barragens também participarão levando a experiência de vida e de luta no processo de construção das usinas. Por residirem em áreas rurais, em sua maioria, elas mantêm uma relação próxima com a terra. Usam os recursos naturais principalmente para a alimentação, mas também à outros usos, como chás, energia da lenha para cozinhar e aquecer, etc. Nesse sentido, as mulheres são as principais vítimas da degradação ambiental ocasionada pelas barragens, que implica em grandes perdas para quem depende da natureza para sobreviverem.