Assentados de Alagoas garantem conquistas com Jornada de Lutas

Por Rafael Soriano Desde o início da semana, o campo alagoano está assistindo às movimentações do MST para intensificar as conquistas no âmbito da Reforma Agrária em Alagoas. Duas ocupações de fazendas improdutivas e a ocupação simultânea de seis prefeituras municipais exigem uma postura positiva dos governos federal e municipais em relação às demandas das famílias camponesas.

Por Rafael Soriano

Desde o início da semana, o campo alagoano está assistindo às movimentações do MST para intensificar as conquistas no âmbito da Reforma Agrária em Alagoas. Duas ocupações de fazendas improdutivas e a ocupação simultânea de seis prefeituras municipais exigem uma postura positiva dos governos federal e municipais em relação às demandas das famílias camponesas.

Uma extensa pauta de reivindicações mostra a necessidade do envolvimento dos poderes locais no desenvolvimento das políticas agrárias, geralmente associadas apenas ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Nesta quinta-feira (15/4), cerca de 1500 trabalhadores rurais estiveram mobilizados em todas as regiões do Estado por políticas de saúde, educação e infra-estrutura que não precisam esperar pela morosidade do órgão nacional para serem concretizadas.

Em Girau do Ponciano, no Agreste, o prefeito Davi Barros recebeu o Movimento, garantindo a construção e uma escola, a reforma de dois centros sociais, obras de estruturação das áreas próximas aos assentamentos (barragem, estradas etc.), além da regularidade da visita do médico do Programa de Saúde da Família (PSF) uma vez por semana em todas as agrovilas da região.

Em duas localidades (Inhapi e São Luís do Quitunde), o acordo firmado na negociação prevê novos momentos de negociação entre poder público e MST. Em Inhapi, no alto sertão, os militantes foram recebidos pelo Secretário Adjunto da Prefeitura e o Secretário de Finanças, que estabeleceram uma reunião na próxima terça-feira (20/4) para encaminhar as questões de infra-estrutura de estradas e o acesso a medicamentos e à ambulância. Os militantes ainda exigiram uma reunião com a Companhia de Abastecimento de Alagoas (Casal), na qual pleitearam o acesso à água encanada para todas as casas através de uma parceria entre Incra e Prefeitura. Em São Luís do Quitunde, embora haja uma reunião após o retorno do Prefeito de viagem à Brasília, a terraplanagem já acontece na próxima quarta-feira (21/4) e num prazo de vinte dias a prefeitura entregará os móveis para as salas de aula na região.

Após o bloqueio da rodovia BR-316, em Atalaia, os manifestantes foram recebidos pelo prefeito. Este assumiu compromisso em reunir todos os agentes comunitários de saúde para orientar a visitarem as áreas de assentamento. Na próxima quinta-feira, o trator irá iniciar a construção de uma creche e o transporte para as crianças estará regularizado. Todas as áreas de assentamento receberão kits de primeiros socorros e a ambulância irá realizar o transporte de quem necessite para a Capital.

Em Delmiro Gouveia, o contingente de 500 agricultores ouviu do Prefeito (acompanhado por secretários de saúde, educação e chefe de gabinete) o atendimento integral da pauta. Até a próxima quinta-feira (22/4), as escolas nos assentamentos receberão a infra-estrutura d emóveis necessárias para funcionar. Seis escolas serão reformadas até o dia 15/7. Ainda neste prazo, a prefeitura se comprometeu em abrir seleção para agentes de saúde para garantir o assistência básica para os assentados. Será realizado ainda este mês o cadastro no Sistema Único de Saúde daqueles que ainda não são beneficiários. Ainda no Alto Sertão, na negociação com o prefeito Galberto Pereira, as famílias conquistaram a construção de um posto de saúde, que começa na próxima quarta-feira (21/4) e o início imediato da construção de estradas de acesso e o transporte escolar para um assentamento.

Todas as reivindicações atendidas demonstram que lutar por Reforma Agrária é conquistar desenvolvimento para as regiões em que as famílias são assentadas. A pauta local é complementada pelas reivindicações nacionais, a exemplo da ampliação de linhas de crédito para criação de agro-indústrias ou a atualização dos índices de produtividade rural. O MST promove durante todo o mês de abril a Jornada Nacional de Lutas por Reforma Agrária para intensificar as conquistas do trabalhador do campo, e em memória a 19 trabalhadores assassinados pela Polícia Militar do Pará em 1997 no conhecido Massacre de Eldorado dos Carajás.