Antiga olaria em ruínas se torna escola de formação em agroecologia no Paraná

Por Pedro Carrano De Maringá (PR) O terreno público era baldio, o solo desgastado e infértil. Até 2002, não passava de uma antiga olaria em ruínas e servia pra depósito de lixo. Hoje, é um projeto a serviço da educação, do estudo e da prática da agroecologia. A Escola Milton Santos, de Maringá, região norte do Paraná, fez o seu ato de inauguração no dia 10 de julho, momento que agregou setores da sociedade, parlamentares, partidos e instituições do ensino que apóiam o projeto.


Por Pedro Carrano
De Maringá (PR)

O terreno público era baldio, o solo desgastado e infértil. Até 2002, não passava de uma antiga olaria em ruínas e servia pra depósito de lixo. Hoje, é um projeto a serviço da educação, do estudo e da prática da agroecologia.

A Escola Milton Santos, de Maringá, região norte do Paraná, fez o seu ato de inauguração no dia 10 de julho, momento que agregou setores da sociedade, parlamentares, partidos e instituições do ensino que apóiam o projeto.

É uma inauguração à moda da sabedoria dos trabalhadores: primeiro houve o processo de construção, formação de quatro turmas de educandos, diversas atividade e cursos. Não foi como os atos de inauguração de obras que nunca serão usadas. Ao contrário, os educandos possuíam histórias e experiências pra contar.

Hoje são três edifícios, entre refeitório, alojamento e salas de aula, com tintura nova. Como lembra um estudante da primeira turma, no começo não foi fácil: o lugar estava abandonado, não havia sala de aula. “Nosso fogão eram quatro tijolos”, disse.

A estrutura da Milton Santos está localizada entre duas outras propostas do capitalismo para os trabalhadores, na imagem usada pelo coordenador nacional do MST, João Pedro Stédile, presente no ato: entre uma penitenciária de um lado; e perto de um frigorífico agroexportador, uma das três corporações do setor de corte de carne no Brasil.

O exemplo da escola aponta que o MST torna-se o intelectual coletivo da classe camponesa, na voz de Stédile: “O papel da organização não é uma sigla, mas a capacidade de refletir sobre sua prática, a partir de lições aprendidas na prática. É um quefazer intelectual, o mais necessário é que seja coletivo, aprendido por todos. O MST tornou-se o intelectual orgânico dos camponeses”.

Luiz Carlos Freitas, professor da Unicamp, na sua fala sobre a educação e movimentos sociais, comentou que a escola tradicional é um espaço que não abriga os trabalhadores hoje. “A escola tem que formar lutadores”, defende.

Ele cita como exemplo os movimentos sociais: sujeitos políticos para quem a educação busca uma síntese com a luta, a organização social e produção da vida, o trabalho e a cultura.
A tarefa então é “Formar a nova escola e o novo professor”, a partir do envolvimento dos educandos na produção da vida escolar. Como relatou um educador do movimento camponês: o espaço é uma chance para “Vivenciar a práxis, a prática revolucionária de ensinar e aprender”.

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