Fazendeiro Jose Rodrigues pagou pistoleiros para matar casal

 

Por Carlos Mendes
De O Estado de S.Paulo

 

A polícia do Pará acredita ter praticamente elucidado o assassinato do casal de ambientalistas José Cláudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo, em Nova Ipixuna, no sudeste do Estado, ocorrido em 24 de maio. O principal suspeito do duplo homicídio é um fazendeiro conhecido como José Rodrigues, que teve a prisão preventiva solicitada à Justiça da Comarca de Nova Ipixuna.

 

Por Carlos Mendes
De O Estado de S.Paulo

 

A polícia do Pará acredita ter praticamente elucidado o assassinato do casal de ambientalistas José Cláudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo, em Nova Ipixuna, no sudeste do Estado, ocorrido em 24 de maio. O principal suspeito do duplo homicídio é um fazendeiro conhecido como José Rodrigues, que teve a prisão preventiva solicitada à Justiça da Comarca de Nova Ipixuna.

José Cláudio e Maria do Espírito Santo foram assassinados a tiros por pistoleiros na estrada que dá acesso ao assentamento Praialta Piranheira. Eles eram líderes da comunidade de famílias que vivem do extrativismo de castanha-do-pará.

Segundo a polícia, o fazendeiro teria encomendado o crime por R$ 5 mil a dois pistoleiros. Ontem, foram divulgados os retratos falados de dois suspeitos.

Os assassinos estão foragidos e provavelmente deixaram a região de barco, pelo Rio Tocantins. O valor que teria sido pago por Rodrigues não foi confirmado pelos delegados que investigam o caso.

Terras

O motivo do crime, ainda segundo as investigações policiais, seria o fato de Rodrigues ter comprado lotes de terra destinados a vários assentados para expandir sua criação de gado na área. Ele tem uma fazenda vizinha aos limites do assentamento dos castanheiros.

Ao saber da negociação dos lotes, José Cláudio teria dito ao fazendeiro que aquela terra não poderia ser vendida e que ele não iria deixar que a venda fosse concretizada. O ambientalista, segundo apuração da polícia, chegou inclusive a mandar que os assentados permanecessem nos lotes.

Rodrigues, mesmo sem ter qualquer ordem judicial, foi ao assentamento acompanhado de policiais de Nova Ipixuna, a fim de expulsar os agricultores dos lotes em que estava interessado. O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) tomou conhecimento do fato e informou que os lotes pertenciam aos assentados.

Furioso

Rodrigues teria afirmado, segundo depoimento dado por um lavrador à polícia paraense, que ele perderia os lotes, mas que José Cláudio e Maria, mais cedo ou mais tarde, pagariam caro por isso. Um madeireiro conhecido por Gilsão teria ficado a favor de Rodrigues.

Denúncias. Desde 2008, José Cláudio e Maria do Espírito Santo lutavam contra a devastação florestal e a exploração ilegal de madeira. Eles fizeram fez denúncias ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) contra madeireiros de Nova Ipixuna que, segundo depoimentos de assentados a que o Estado teve acesso, também tinham interesse na morte da dupla.

Defensor da floresta, o casal não aceitava que assentados permitissem a exploração ilegal de madeira – postura que dividia as famílias do assentamento.