Assentados apostam em produção de uvas em Cajamar

 


 


Da Página do Incra

Os assentados do Projeto de Desenvolvimento Sustentável (PDS) Dom Pedro Casaldáliga, em Cajamar, município distante 40 quilômetros de São Paulo, fizeram hoje, terça-feira (26), um mutirão para enxertia de uva. Localizado em uma região do Estado propícia à viticultura, o assentamento aposta na fruta e já tem 7 mil videiras plantadas.

A técnica da enxertia é simples e possibilita um retorno rápido. A primeira colheita deve ser feita ainda neste ano, em dezembro. Mas a planta atinge uma produtividade razoável a partir da segunda colheita, como explica a assentada Célia Rosana Sabino, 46 anos. Ela tem mil pés de uva no lote e já deve fazer uma boa colheita nesta safra, de plantas enxertadas no ano passado.

Na viticultura, os assentados contam com o apoio do Centro de Formação Campo e Cidade, mantido pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra no município de Jarinu, próximo a Cajamar. Um dos macetes ensinados aos agricultores é a amarração do enxerto com tiras de juta. “A juta dura uns quarenta, cinquenta dias. Depois, não é preciso desamarrar, pois ela se decompõe”, explica José Antônio Batista, militante do MST.

O Centro de Formação também auxilia os assentados na comercialização. A fruta é vendida in natura diretamente ao consumidor, sem intermediários. Por enquanto, a produção é de fruta de mesa. Mas os assentados planejam também produzir vinho futuramente, segundo o agricultor Milton Rosa Souza, 42 anos.

Além da uva, os agricultores do PDS Dom Pedro cultivam outras espécies frutíferas, como banana, limão e jaca. E toda a produção é agroecológica, seguindo os princípios do desenvolvimento sustentável. De acordo com Flávio Barbosa de Lima, 37 anos, o assentamento deve fornecer alimentos para a merenda escolar a partir do ano que vem. “Ainda não foi possível porque tivemos problemas com o abastecimento de água. Mas já estamos resolvendo”, explica.

O assentamento Dom Pedro Casaldáliga foi criado em 2006, em área adquirida pelo Incra por meio de compra, onde foram assentadas 28 famílias. O modelo de PDS tem o objetivo de garantir o sustento dos assentados por meio de manejo ecológico, cultivando apenas áreas já desmatadas.