Grupo de rap formado em assentamento lança CD


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Por Jorge Américo
Da Radioagência NP

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Por Jorge Américo
Da Radioagência NP

Formado em 2005, na região de Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, o grupo de rap Veneno H2 se destaca pela origem incomum: surgiu em um assentamento da reforma agrária. O grupo caba de lançar o CD “Militante da Terra”, com letras que retratam as dificuldades da vida no campo e nas periferias das cidades.

Carlos Cesar (Cesinha), Paulo Eduardo (Mano Fi) e o John Miller (John Doido) são agricultores e vivem do trabalho nos lotes de seus familiares. Em entrevista à Radioagência NP, John Miller revela como o grupo se formou e explica que um dos objetivos é mostrar para a juventude a importância da organização, como forma de enfrentar os problemas em comum.

Radioagência NP: Jonh, qual é o público do Veneno H2?

John Miller: Principalmente a juventude da periferia. A gente vê que os jovens têm certa resistência em estar se organizando, até pela questão da disciplina. Então, a gente apresenta um contraponto para mostrar que essa disciplina e essa organização são necessárias.

Radioagência NP: Onde vocês se apresentam?

JM: Nos apresentamos em espaços de luta dos movimentos sociais. Já fomos para Brasília [DF], Niterói [RJ], Rio Grande do Sul, Paraná, várias cidades no estado de São Paulo, além das casas de show voltadas para o Rap. Tem o pessoal da universidade que trabalha com a gente por ser um Rap voltado para a questão da luta e o pessoal de grupo de Extensão se identifica.

Radioagência NP: Vocês vivem com que recursos?

JM: Na verdade, a gente não vive só em torno da música. Estamos começando agora e trabalhar com o Hip Hop dentro do movimento social é muito difícil. A gente trabalha com música, mas tem muito forte a cultura camponesa. Eu, o Fio e Cesinha trabalhamos na roça, a gente planta, trabalha com horta. Quando a gente não está em nenhuma atividade, a gente está nos lotes dos nossos pais. Trabalhamos para a própria subsistência, para a comercialização de verdura. Temos um vínculo bem direto com a terra.

Radioagência NP: Como surgiu o grupo? Como vocês se conheceram?

JM: O Veneno H2 começou com o Cesinha, Mano Fio e a Nina Paula. Eu estava passando um tempo no assentamento e comecei a me interessar. Eu fazia as bases no violão e eles cantam em cima. Nos primeiros encontros que a gente se apresentou, foi dessa forma. Tinha um microfone para o violão e para a voz. Então, a gente tinha que ficar de um jeito meio estratégico se não as pessoas não conseguiam escutar. A gente substituiu essa ideia do violão quando o Cesinha ganhou um CD de bases, muito antigo.

Radioagência NP: A que você atribui a identificação entre os membros do grupo?

JM: Foi até uma demanda de estar desenvolvendo algum trabalho dentro do assentamento, o que até então não tinha. E o Hip Hop era uma atividade muito forte porque eles eram da favela e eu tinha saído da periferia para um assentamento. E foi isso que fez a gente se identificar para fazer a formação do grupo.