Mulheres ocupam Incra em Minas Gerais no Dia Internacional das Mulheres


 

Por Lívia Bacelete e Bianca Ruckert
Da Página do MST


 

Por Lívia Bacelete e Bianca Ruckert
Da Página do MST

“No momento da chegada, ocupamos o Incra com mais de 500 mulheres da Via Campesina. Todas, em uma só voz, gritando com toda força: Pátria Livre!” conta Terezinha Sabino, que faz parte do MST de Minas Gerais. Ela lembra a manhã do dia 08 de março de 2012, data em que as mulheres do MST e Marcha Mundial das Mulheres (MMM) ocuparam a sede Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).

A ocupação faz parte da Jornada Nacional de Luta das Mulheres Camponesa 2012, organizada pela Via Campesina, que realiza lutas em nível nacional, regional e local, denunciando o capital estrangeiro na agricultura e as empresas transnacionais.

“Este foi um momento muito importante na luta das mulheres camponesas, pela primeira vez nós ocupamos o Incra”, explica Terezinha.

Com a ação, as mulheres querem chamar a atenção da sociedade para o impacto destrutivo do Agronegócio ao meio ambiente, à saúde da população e soberania alimentar do país. Protestam contra o novo Código Florestal,  em trâmite na Câmara dos Deputados, e alertam para as conseqüências do uso exacerbado de agrotóxicos na agricultura, o que coloca o Brasil como principal consumidor de agrotóxicos a nível mundial.

A ocupação do Incra-MG denuncia o descaso do governo estadual e federal com a Reforma Agrária. Atualmente, 3.700 famílias vivem em condições precárias em 50 áreas de acampamento no estado de Minas Gerais à espera de serem assentadas. Destas, 5 áreas de acampamento estão com despejos em andamento e mais 5 acampamentos aguardam a decisão judicial de despejo do Tribunal de Justiça de Minas Gerais.

As mulheres também reivindicam justiça para as famílias vítimas do Massacre de Felisburgo, que aconteceu em 2004, na região do Vale do Jequitinhonha, quando cinco trabalhadores Sem Terra foram assassinados. O fazendeiro Adriano Chafick, mandante do crime, continua em liberdade. As famílias estão ameaçadas de despejo, devido ao mandado de reintegração de posse expedido pela Justiça Federal, em dezembro de 2011.

“Os tiranos que fizeram o massacre não foram presos, nenhuma das viúvas foi indenizada e os barracos queimados também não foram”, se indigna a jovem Natália Pereira, do MST. A área do Acampamento Terra Prometida deveria ser desapropriada por crime de violência no campo e por crime ambiental, mas o Novo Código Florestal beneficiará o fazendeiro.

Entre as pautas de reivindicação com Incra estão: meta de famílias assentadas neste ano; desapropriação imediata de cinco áreas de acampamentos para fins de reforma agrária, entre elas, o Terra Prometida; barrar os despejos em andamento; inclusão obrigatória do nome das mulheres na titulação do lote; assistência técnica; crédito produtivo para as mulheres; implantação de cirandas e parques infantis para as crianças de 0 a 6 anos e refeitórios comunitários nas áreas de reforma agrária; além da construção de ações de combate à violência contra as mulheres nas áreas de reforma agrária no estado.