Assentamento Milton Santos resiste a ameaça de despejo

 

Por Antônio Kanova
Da Página do MST

 

Por Antônio Kanova
Da Página do MST

 
Os moradores do assentamento Milton Santos, localizado nos municípios de Americana e Cosmópolis, estão sofrendo ameaças de despejo da área. Apesar de reconhecido pelo Instituto de Colonização e Reforma Agrária (Incra), uma brecha legal encontrada pelo família Abdala (antiga proprietária da área), em conjunto com a Usina de cana Ester, que cerca o assentamento, entraram com uma ação na Justiça e ganharam em segunda instância. 
 
Até agora, o Incra não tomou qualquer providência para garantir que as famílias tenham o direito de continuar produzindo na área e de provar que aquela terra é de direito das famílias que lá moram.
 
O assentamento surgiu em 2005, quando 75 famílias sem terra iniciaram a luta na região de Americana e Cosmópolis e foram assentadas pelo Incra. Hoje, a área de 103 hectares é o assentamento Milton Santos.
 
As famílias construíram suas moradias, educaram seus filhos nas escolas dos municípios, investiram na produção e na melhoria de infraestrutura ao acessar créditos como o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) e participam de cursos ambientais elaborados pelos municípios. Os assentados estão totalmente inseridos na cultura da população da região.
 
Onde havia só cana de açúcar, atualmente existem mais de 40 variedades de produção. O assentamento produz cerca de trinta toneladas de alimentos por mês, que são destinadas às escolas, através da merenda escolar dos municípios. Entidades assistenciais de Americana e região recebem semanalmente de forma gratuita a produção do assentamento, através do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) em parceria com a Companhia Nacional de Alimentos (CONAB).
 
Grilagem – A área do assentamento era pertencente à família Abdala, que por dívidas com a União foram repassada ao INSS como forma de pagamento dos impostos. Essa família é uma das maiores grileiras de terras do estado de São Paulo. A área era usada irregularmente pela Usina Ester para a monocultura de cana de açúcar, sendo que a usina não tinha título da propriedade.
 
Em torno do assentamento existe mais de 4000 hectares de terras públicas griladas pela usina Ester, dados comprovado por Ariovaldo Umbelino, professor e pesquisador da Universidade de São Paulo (USP). Essa quantidade de terra daria para assentar cerca de 600 famílias com uma média de cinco hectares por propriedade.
 
A luta não acabou para o assentamento Milton Santos. Apesar de todas as investidas da família Abdala e a Usina Ester, os trabalhadores e trabalhadoras do assentamento Milton Santos assumiram o compromisso de lutar a qualquer custo, por nenhum direito a menos e avançar nas conquistas de novos assentamentos.