Grupo teatral se apresenta em escolas infantis de Pernambuco

 

 

Por Talles Reis
Da Página do MST

Mais de quatrocentas crianças se divertiram com histórias do saci pererê, saci trique, cumadre florzinha e outras figuras do nosso imaginário popular nas oito apresentações da peça infantil “ICAS!” realizadas pelo grupo teatral Os Sete do Sertão, em escolas do campo e da cidade, no estado de Pernambuco.

A formação do grupo e as apresentações foram as últimas fases do projeto ‘Sacis começos e fins’, que num período de seis meses realizou uma pesquisa de campo sobre o folclore em assentamentos e acampamentos, e oficinas de introdução à arte e de teatro para adolescentes da escola do Acampamento Agroísa, em Lagoa Grande, no sertão.

As apresentações do grupo ocorreram em escolas nos municípios de Lagoa Grande, Petrolina, Santa Maria da Boa Vista, São Caetano e Caruaru, e encerraram-se na última quinta-feira (20).

Dois elementos importantes do projeto estavam bem definidos: envolver diferentes gerações e resgatar e valorizar o imaginário popular. Rogerio Cavalcante, coordenador do projeto, explica que “além dos livros, fui buscar nos idosos e adultos as crianças de ontem, a semente a ser plantada no coração das crianças que serão os idosos de amanhã, para que nossa história cultural não se perca e que contribua para a nossa identidade em formação”.

O texto infantil apresentado pelos jovens tem histórias que surgiram da pesquisa com os mais velhos, assim “os adolescentes são a mediação entre o infantil e o adulto, que se propuseram a falar das nossas histórias, do nosso começo, do nosso fim, e claro, dos nossos sacis”.

Imaginário Popular

Sobre o imaginário, a escritora e professora Márcia Camargos, que assina o texto do programa da peça, complementa que “o imaginário é a capacidade de um grupo de pessoas representarem o mundo, reunindo várias imagens que elas foram colecionando ao longo da vida. Tudo o que aprendemos em família, na escola ou na televisão fica guardado dentro da cabeça de cada um de nós. Os colegas que assistem os mesmos filmes e seriados também vão juntando as peças dentro do cérebro. No final, as imagens deles e as nossas forma um gigantesco quebra-cabeças a que damos o nome de imaginário popular.”

Rogerio Cavalcante destaca que “foram seis meses de um trabalho voltado para o imaginário popular brasileiro, mas o alvo principal deste estudo eram as crianças”. Ysteffane Soares, moradora do Assentamento Ouro Verde, em Lagoa Grande, e que na peça interpreta a Dona Fabiana, disse que adorou participar do projeto.

Segundo ela, “foi muito bom ver o resultado das apresentações, a peça deixou as crianças tão felizes que dava pra ver os olhos brilharem de alegria”. Já Wemerson Silva, o Vovô Tali na peça, também participou de todas as oficinas e integrou o grupo Os Sete do Sertão. Silva elogiou a última fase do projeto e as apresentações, e disse que se sentiu realizado com a satisfação e euforia das crianças. “É divertido ver as crianças sorrindo, a gente se diverte junto”, destacou.

O projeto contou com o apoio da ‘Bolsa Interações Estéticas – Residências Artísticas em Pontos de Cultura 2012’ do Ministério da Cultura, da Secretaria da Cidadania e da Diversidade Cultural, do Programa Mais Cultura, do Programa Cultura Viva e da Fundação Nacional de Artes (FUNARTE); da Prefeitura Municipal de Lagoa Grande e do Ponto de Cultura ‘Centro da Cultura Camponesa e da Reforma Agrária do Agreste Pernambucano’.