Movimentos sociais exigem veto presidencial ao limite na meia-entrada

 

Da Página do MST

O Estatuto da Juventude, que contém um conjunto de políticas públicas para a juventude brasileira, fruto de lutas dos movimentos sociais, necessita apenas da aprovação da presidenta Dilma Rousseff para ser sancionado. 

No entanto, uma emenda no estatuto limita a meia-entrada a eventos culturais, esportivos e cinemas a apenas 40% do número total de ingressos.

 

Da Página do MST

O Estatuto da Juventude, que contém um conjunto de políticas públicas para a juventude brasileira, fruto de lutas dos movimentos sociais, necessita apenas da aprovação da presidenta Dilma Rousseff para ser sancionado. 

No entanto, uma emenda no estatuto limita a meia-entrada a eventos culturais, esportivos e cinemas a apenas 40% do número total de ingressos.

Segundo Raul Amorim, da coordenação nacional do coletivo de juventude do MST, “o Estatuto da Juventude é um avanço, pois o Estado brasileiro não tem políticas para a juventude. Mas o limite à meia-entrada é um retrocesso nos direitos da juventude e deve ser vetado pela presidenta”.

Organizações de juventude entregaram na tarde desta quinta-feira (1/8) uma carta ao ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência) e à secretária nacional de Juventude, Severine Carmem Macedo, que exige o veto presidencial à emenda de limitação da meia-entra à juventude.

Confira abaixo a carta dos movimentos sociais:
 

Carta dos Movimentos e Organizações Sociais da Cidade, do Campo e das Florestas

Sobre o limite de 40% na meia-entrada no Estatuto da Juventude

A JUVENTUDE QUER 100% DE DIREITOS!

Ex.ma, Presidenta da República Dilma Roussef,

Nós, organizações de jovens da cidade, do campo e das florestas, viemos publicamente nos manifestar sobre o limite de 40% para ingressos com meia-entrada – em eventos culturais, esportivos e cinemas para estudantes e jovens de baixa renda, contida no Estatuto da Juventude (PL 4529/2004) recentemente aprovado no Congresso Nacional que segue para sanção da Presidenta.

Após quase 10 anos de tramitação, consideramos que a aprovação e a sanção presidencial do Estatuto da Juventude é fundamental e necessária, pois além de ser uma conquista histórica de toda a juventude brasileira, será um grande passo para a conquista de direitos sociais que possibilitarão para as juventudes mais e melhores condições sociais para a construção de projetos de vida com autonomia e emancipação social. E reconhecemos que no texto aprovado há um conjunto de artigos que auxiliam na promoção de direitos para o conjunto da juventude brasileira.

O conjunto das organizações e movimentos sociais que assinam esta Carta construíram, ao longo dos 10 anos de tramitação do Estatuto da Juventude no Congresso, um processo intenso de debates e incidência no sentido de disputar os rumos políticos do Estatuto da Juventude, na perspectiva dele ser um instrumento para a promoção de mais direitos para o conjunto da juventude brasileira, e não para parte dela.

Contudo, na leitura que realizamos do Estatuto aprovado, percebemos que a aprovação do Estatuto no seu Artigo 23, em especial no parágrafo 10, que refere-se à meia-entrada em eventos esportivos, culturais e nos cinemas, foi alvo do interesse dos grandes empresários e produtores da cena cultural de massas em articulação com setores do movimento estudantil.

Esclarecemos a Presidenta, que esse setor representa apenas uma pequena parte, e não os muitos e grandes grupos sociais do conjunto da juventude brasileira que vivem nas cidades e no campo. Ainda, salientamos que este parágrafo foi incluído por uma emenda durante a votação no plenário sem nenhum diálogo com a sociedade civil.

Compreendemos que impor o limite de 40% para a oferta de meia- entrada ataca uma conquista histórica da juventude e do movimento estudantil brasileiro. Além disso, ampliará a exploração exercida pelos grandes empresários e produtores culturais que foram e são historicamente privilegiados com acesso a grandes montantes de verbas públicas, pela Lei Rouanet, por outros meios e privilégios concedidos.

Além disso, para nós, compactuar e sancionar com esse limite de 40% na meia-entrada é um ato que agrava a situação das políticas públicas de juventude e da desigualdade social no Brasil. Lembramos que as últimas e imensas manifestações ocorridas em todo o Brasil ocorreram também pela negligência e falta de prioridade nos temas relacionados à juventude brasileira e aos direitos sociais básicos, como a mobilidade e transporte público, a questão das reformas urbana e agrária e a falta de planejamento diante do atual momento demográfico do país, com a maior população em faixa etária jovem da sua história. 

Por isso, nós reivindicamos o VETO do parágrafo 10, do artigo 23 da PL 4529/2004, pg. 15:

“§ 10. A concessão do benefício da meia-entrada de que trata o caput é limitada a 40% (quarenta por cento) do total de ingressos disponíveis para cada evento”.

Ainda, reivindicamos o direito irrestrito a meia-entrada para toda juventude. Ex.ma Presidenta, com essa atitude, acreditamos que o Estatuto da Juventude terá maiores condições de se consolidar como uma carta de direitos, reconhecendo as e os jovens da cidade, do campo e das florestas como sujeitos de direitos.

Sendo uma representante do povo e da maioria da população brasileira, temos a certeza que irá atender a nossa reivindicação de veto. Mais do que sentar à mesa e nos ouvir, o essencial é escutar e dar respostas efetivas às demandas das organizações e movimentos sociais de todo o país. 

NÃO AO LIMITE DE 40% NA MEIA-ENTRADA! VETA DILMA!

Assinam essa carta:

ALIANÇA BÍBLICA UNIVERSITÁRIA DO BRASIL

ASSOCIAÇÃO DE CULTURA E PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO BANTU – ACBANTU

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE LÉSBICAS, GAYS, BISSEXUAIS, TRAVESTIS E TRANSEXUAIS – ABGLT

ARTICULAÇÃO BRASILEIRA DE LÉSBICAS – ABL

ÁGERE – COOPERAÇÃO EM ADVOCACY

ARCAFAR-SUL – ASSOCIAÇÃO REGIONAL DAS CASAS FAMILIARES RURAIS DO SUL DO BRASIL

ASSOCIAÇÃO DE JUVENTUDE PELO RESGATE A CULTURA E CIDADANIA – AJURCC

ASSOCIAÇÃO NACIONAL DA JUVENTUDE RURAL TERRA LIVRE – ANJR TERRA LIVRE  

ASSOCIAÇÃO VIVA A CULTURA – AVIVAC

CENTRO DE PROMOÇÃO DA SAÚDE – CEDAPS

COLETIVO ARTISTICO CUTURAL DO ALTO DO MATHEUS – MULINGA

COLETIVO NACIONAL DE JUVENTUDE NEGRA – ENEGRECER 

COMISSÃO PASTORAL DA TERRA – CPT

CONFEDERAÇÃO NACIONAL DOS TRABALHADORES NA AGRICULTURA – CONTAG

COIAB – COORDENAÇÃO DAS ORGANIZAÇÕES INDÍGENAS DA AMAZÔNIA

ESCOLA DE GENTE

FASE – SOLIDARIEDADE E EDUCAÇÃO

FEDERAÇÃO DOS ESTUDANTES DE AGRONOMIA DO BRASIL – FEAB

FEDERAÇÃO DOS TRABALHADORES E TRABALHADORAS DA AGRICULTURA FAMILIAR DA PARAÍBA – FETRAF – PB

FÓRUM DE JUVENTUDES DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

FÓRUM ECUMÊNICO ACT BRASIL

FÓRUM MUNICIPAL DE JUVENTUDE DE APODI – RN

FÓRUM SOCIAL DE MANGUINHOS

GRUPO CONEXÃO G

INSTITUTO ALIANÇA

INSTITUTO BRASILEIRO DE ANÁLISES SOCIAIS E ECONÔMICAS – IBASE

INSTITUTO DE JUVENTUDE CONTEMPORÂNEA – IJC

INSTITUTO IMAGEM E CIDADANIA

INSTITUTO JUVENTUDE EM AÇÃO

INSTITUTO PÓLIS

JUVENTUDE DA CENTRAL ÚNICA DOS TRABALHADORES – CUT

JUVENTUDE DA COORDENAÇÃO NACIONAL DAS ENTIDADES NEGRAS – JCONEN

JUVENTUDE DO PARTIDO DOS TRABALHADORES – JPT

JUVENTUDE SOCIALISMO E LIBERDADE – JSOL

JUVENTUDE EXTRATIVISTA DO CONSELHO NACIONAL DAS POPULAÇÕES EXTRATIVISTAS – CNS 

LEVANTE POPULAR DA JUVENTUDE

MOVIMENTO AGROECOLÓGICO – MAE

MOVIMENTO DA MULHER TRABALHADORA RURAL DO NORDESTE – MMTR/ NE

MOVIMENTO DE MULHERES CAMPONESAS – MMC

MOVIMENTO DOS ATINGIDOS POR BARRAGENS – MAB

MOVIMENTO DOS PEQUENOS AGRICULTORES – MPA

MOVIMENTOS DOS TRABALHADORES RURAIS SEM TERRA – MST

ORGANIZAÇÃO DA JUVENTUDE INDÍGENA POTIGUARA – OJIP

PASTORAL DA JUVENTUDE – PJ

PASTORAL DA JUVENTUDE RURAL – PJR

REDE DE JOVENS DO NORDESTE – RJNE

REDE DE JUVENTUDE PELO MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE – REJUMA

REDE ECUMÊNICA DA JUVENTUDE – REJU

REDE FALE

RENAJOC – REDE NACIONAL DE ADOLESCENTES E JOVENS COMUNICADORES

REDE NACIONAL DE ADOLESCENTES E JOVENS VIVENDO COM HIV/AIDS

SERVIÇO DE TECNOLOGIA ALTERNATIVA – SERTA

UNIÃO DA JUVENTUDE REBELIÃO – UJR 

UNIÃO NACIONAL DAS ESCOLAS FAMÍLIAS AGRÍCOLAS DO BRASIL – UNEFAB

UNIÃO NACIONAL DE COOPERATIVAS DA AGRICULTURA FAMILIAR E ECONOMIA SOLIDÁRIA – UNICAFES