Brigada da Via Campesina no Haiti recebe prêmio internacional nos EUA

Da Página do MST*

A Aliança Estadunidense pela Soberania Alimentar entregará o Prêmio de Soberania Alimentar deste ano a cinco organizações de base de vários países do mundo. São grupos inovadores que trabalham pelo acesso democrático à terra, às sementes, à água e aos alimentos.

O Prêmio de Honra mais alto será concedido ao Grupo de 4 (G4) e à Brigada Dessalines, uma colaboração internacional de camponeses que atuam para reconstruir os sistemas de sementes camponesas e crioulas, os solos e a agricultura camponesa e agroecológica no Haiti.

“Os vencedores do quinto Prêmio Anual de Soberania Alimentar foram eleitos entre mais de 40 projetos inspiradores, que apresentam soluções práticas de combate à fome e à pobreza”, afirma a Aliança, uma rede que inclui organizações de justiça alimentar, contra a fome, sindicalistas, ambientalistas e grupos que promovem o bem estar de agricultores.

Flávio Barbosa, do MST e Coordenador da Brigada Dessalines, ressaltou que “este prêmio é um incentivo para que outros e outras possam participar de um intercâmbio de longo prazo como o que estamos vivendo no Haiti. E nos traz ainda mais responsabilidade para continuar com a defesa da agricultura camponesa e da agroecologia como uma maneira de produzir comida que seja sustentável, saudável, livre de agrotóxicos e acessível a todos.”

Chavannes Jean-Baptiste, membro do comitê executivo do G4, destacou que “o Prêmio de Soberania Alimentar é um símbolo da luta por uma comida sadia e saudável para todos os povos da terra. É uma luta que deve ser levada tanto a nível local como a nível mundial, e que requer uma solidariedade profunda entre todas as organizações que lutam por soberania alimentar.”

A Aliança Estadunidense pela Soberania Alimentar entregará os prêmios em uma cerimônia em Nova York, no dia 15 de outubro de 2013, no Museu Nacional Smithsonian do Índio Americano. O ato será organizado pela ONG WhyHunger e contará com a destacada participação de Shirley Sherrod, ex-diretora do Departamento Rural do Ministério da Agricultura no estado de Georgia, e das cantoras Martha Redbone e Jen Chapin.

Os vencedores das menções de honra são: o Coletivo de Mulheres de Tamil Nadu, na Índia; a Coordenação Nacional de Organizações Camponesas, de Mali; e o grupo Solidariedade de Camponeses, do País Basco, na Europa.

De 16 a 21 de outubro os/as premiados participarão de eventos em Des Moines, Iowa, Detroit e Michigan, para debater os temas relacionados à soberania alimentar.

O Prêmio

Desde o seu lançamento, em 2009, o Prêmio de Soberania Alimentar tem ganhado atenção internacional por reconhecer os esforços comunitários que promovam a democracia alimentar.

Ao contrário do Prêmio Mundial de Alimentação, que destaca o uso da tecnologia para uma maior produtividade e vai premiar esse ano os cientistas das corporações transnacionais de biotecnologia Monsanto e Syngenta, o Prêmio de Soberania Alimentar reconhece as organizações e movimentos de todo o mundo que lutam pelo direito a alimentação para todas as pessoas e pela dignidade daqueles/as  que  produzem a comida que chega em nossa mesa.

“Com este prêmio, estamos honrando soluções reais e sustentáveis à pobreza, à instabilidade social, e à insegurança alimentar”, diz Dena Hoff, camponesa estadunidense e coordenadora da Região Norte Americana da Via Campesina, que recebeu o primeiro Prêmio de Soberania Alimentar, em 2009.

“Com 40 indicações de 21 países, e um comitê de seleção composto por ativistas comprometidos com a justiça alimentar, líderes comunitários e acadêmicos dos Estados Unidos e Canadá, o Prêmio de Soberania Alimentar reconhece os exemplos eficazes e inspiradores de comunidades que produzem transformações duradouras e criativas para melhorar sua segurança e democracia alimentar”. Hoff é Vice-Presidente da Coalizão Nacional de Agricultura Familiar, e membro fundador da Aliança Estadunidense de Soberania Alimentar.

Grupo de 4 e Brigada Dessalines
 
Desde 2007 têm sido desenvolvida uma cooperação de camponês a camponês, entre o Grupo de 4 (G4) de Haiti, uma plataforma nacional das quatro principais organizações camponesas do Haiti (grupo Camponeses Cabeças Unidas de Haiti – Tet Kole; Movimento Camponês de Papaye; Congresso Nacional de Movimentos Camponeses de Papaye; e Coordenação Regional das Organizações do Sudeste), e a Brigada Dessalines, constituída por movimentos sociais da América do Sul, como o MST.

Esta aliança única leva a cabo projetos de reconstrução do campo e da produção agrícola do Haiti, desde as suas bases camponesas. Os membros do Grupo de 4 colaboram no Haiti para promover boas práticas de produção agrícola e a defesa dos produtores camponeses.

A Brigada Dessalines, que leva seu nome em homenagem ao líder independentista haitiano Jean Jacques Dessalines, apóia os haitianos através de capacitações, trabalho prático e ação política. Depois do terremoto de 2010, que matou mais de 180.000 pessoas e desabrigou outras 900.000, a colaboração entre a Brigada Dessalines e o G4 tem ajudado as famílias haitianas a enfrentar suas necessidades básicas de poder alimentar-se a si mesmos e a seus familiares desabrigados.
 
* Com informações da US Food Sovereignty Alliance