Cerca de 500 pessoas participaram da Jornada de Agroecologia da Bahia

Da Página do MST

Entre os dias 12 a 15 de dezembro aconteceu a 2° Jornada de Agroecologia da Bahia, no Assentamento Terra Vista (MST), em Arataca.

A atividade foi realizada pela Teia Agroecológica dos Povos da Cabruca e da Mata Atlântica a partir do tema “Agroecologia: ações agroecológicas para o empoderamento comunitário”. A Jornada contou com rodas de conversa, oficinas e na plenária que resultou num documento final com orientações para a agenda de atividades da Teia em 2014.

Confira as fotos da jornada

O objetivo central é buscar, a partir das demandas e potencialidades identificadas no Litoral Sul do estado, o desenvolvimento sustentável e socioeconômico e o empoderamento dos povos e comunidades tradicionais residentes nesse território.

Cerca de 500 pessoas particiram do encontro, entre indígenas, mestres de tradição oral, quilombolas, movimentos sociais, assentados, estudantes, pesquisadores e profissionais em Agroecologia.

Abaixo, confira o documento final elaborado no final da jornada

                            
                              Carta da II Jornada de Agroecologia da Bahia


Os povos do campo e da cidade, reunidos na 2° Jornada de Agroecologia da Bahia, no Assentamento Terra Vista, em Arataca, Território Litoral Sul, entre os dias 12 e 15 de dezembro de 2013, uniram povos e saberes para a defesa irrestrita da agroecologia enquanto um modo de vida e um instrumento para conquistar a soberania de nossos territórios.

Lamentamos o não reconhecimento e apoio digno do Estado Brasileiro para com a agroecologia e com a luta de nossos povos, cuja vida perpassa permanente criminalização, risco e extermínio. O Estado Brasileiro sustenta uma estrutura baseada na exclusão social, quando este financia e apóia o êxodo rural, fomentando pobreza e violência para servir aos interesses do capital, o que distorce seu papel de proteção e garantia de dignidade de seus povos.

O sistema de produção do campo imposto pelo capitalismo, o agronegócio, nos violenta a cada dia. Acumula um histórico de extermínio cultural e territorial, se apropriando de nossos saberes, de nossa ciência e de nossa cultura para fins de dominação, seja transformando tudo em produtos para a indústria e o mercado, seja ridicularizando e espetacularizando a nossa diversidade.

A 2° Jornada é resultante da consolidação da Teia de Agroecologia dos Povos da Cabruca e da Mata Atlântica, formada na 1° Jornada em 2012, para atuar de forma permanente enquanto uma rede que reconstrói a solidariedade entre os povos negros, indígenas, assentados, juventude e crianças e dá um sentido mais amplo à agroecologia, tão distorcida pelo excesso de academicismo, teoricismos e tão pouca prática.

Nós, da Teia, rompemos o tecnicismo perigoso para defender uma agroecologia que une os povos e saberes para garantir saúde para nossos alimentos, solos e águas, saúde para as nossa relações sociais, para nossa identidade cultural, espiritualidade e ancestralidade.

Estamos construindo uma forma de organização entre os povos que busca autonomia política e financeira, através das ações de fortalecimento das experiências agroecológicas em cada território que compõe a Teia, na busca de autogestão e do autofinanciamento. Estamos trabalhando para atuar adequadamente levando em consideração as especificidades de nossas crianças, jovens, homens, mulheres e idosos. Mas não teremos como conquistar essa saúde e autonomia, que representa na verdade novas formas de vida, política e militância, sem garantir nossos territórios e a vida de nosso povo e nossas lideranças.

A agroecologia então, é também uma forma de enfrentamento desse sistema e a Teia se propõe a ter ações solidárias diretas de defesa de nossos povos. Assim, nossa luta segue o caminho irrestrito de defesa da garantia da terra e por uma soberania dos povos que sabemos que só pode ser feita a partir de nosso suor.

Nossa Jornada e nossa Teia renova nossas utopias e nosso poder de seguir: “Nada do povo, para o povo, acima do povo, sem o povo!”

Arataca, Bahia, 15 de dezembro de 2013.