MST arranca conquistas do poder público na Jornada de Lutas em AL

 

Por Gustavo Marinho
Da Página do MST



Com acampamento montado na praça Sinimbú em Alagoas desde segunda-feira (14/04), os camponeses - além das diversas ocupações de órgãos públicos durante a semana - tiveram uma série de reuniões de negociação de antigas pautas do Movimento com o governo estadual e o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).

 

Por Gustavo Marinho
Da Página do MST

Com acampamento montado na praça Sinimbú em Alagoas desde segunda-feira (14/04), os camponeses – além das diversas ocupações de órgãos públicos durante a semana – tiveram uma série de reuniões de negociação de antigas pautas do Movimento com o governo estadual e o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).

Entre as principais conquistas desta jornada está o avanço nas negociações para a criação do assentamento onde está o Acampamento São José, palco de conflitos entre latifundiários e agricultores.

“Este é mais um importante momento de luta do nosso povo. Em todo o país estamos mobilizados em memória aos companheiros tombados no massacre de Eldorado dos Carajás, no estado do Pará”, disse Débora Marcolino, da direção nacional do MST. “E não poderíamos relembrar esse momento de outra maneira que não fosse com muita luta!”

Entre as demandas levadas ao governo do estado, o MST, reunido com o Secretário Chefe do Gabinete Civil, Álvaro Machado, cobrou a conclusão da transferência das áreas do antigo banco estadual Produban para a Reforma Agrária.
 

Os Sem Terra também cobraram a promessa do governo que se comprometeu desde o ano passado com o projeto de irrigação para assentamentos no Sertão de Alagoas, destinando 2.000 hectares de terras irrigáveis para assentar as famílias acampadas no acampamento Nelson Mandela, à beira do Canal do Sertão.

“Até agora não tivemos nenhum retorno desses compromissos que o governo firmou conosco, mas não esperamos de braços cruzados”, destacou José Roberto, da direção nacional do MST.

“E é por isso que estamos mobilizados na nossa Jornada tanto na capital quanto no Alto Sertão do estado de Alagoas até que o povo acampado e assentado tenha respostas às promessas que foram feitas”, concluiu.

Respostas 

Uma equipe técnica convocada pelo governo do estado ficou de visitar as áreas dos assentamentos na próxima semana para apresentar o andamento do projeto de irrigação das terras, com a presença da representação da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Parnaíba (Codevasf), da Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh) e da Secretaria de Infraestrutura (Seinfra).
 

O secretário também se comprometeu em agilizar a negociação de uma área provisória para que os acampados que estão na margem do Canal do Sertão possam aproveitar o período de inverno para a produção, enquanto os 2.000 hectares de terra irrigáveis não são destinados ao assentamento das famílias.

José Roberto destacou a importância dessa área provisória para que os agricultores e agricultoras sertanejos possam garantir sua sobrevivência.

“Estamos dispostos a esperar a conclusão do projeto, mas com a segurança de que nossas famílias acampadas tenham uma área alternativa para que possam produzir seus alimentos”.

No que diz respeito às terras do Produban, o governo já encaminhou ao Incra as certidões de 12 áreas, de um total de 14, para que sejam destinadas à Reforma Agrária.

Uma reunião entre a direção estadual do MST e o governador Teotônio Vilela Filho (PSDB) ficou marcada para o próximo dia 29.

Assentamentos

Já na negociação com o Incra, os Sem Terra resgataram uma série de reivindicações das diversas áreas de assentamentos organizadas pelo MST no estado de Alagoas.

Entre as negociações das pautas dos assentados e assentadas, a superintendente do órgão, Lenilda Lima, anunciou que os proprietários da fazenda São Sebastião, no município de Atalaia, onde está o acampamento São José, sinalizou positivamente para a oferta de venda da propriedade para o Incra.

A Fazenda São Sebastião é parte da massa falida da antiga Usina Ouricuri, e foi ocupada pela primeira vez no ano de 2004. Desde então, o acampamento foi palco de diversos conflitos entre os Sem Terra e os latifundiários.

O local também é marcado pela morte de Jaelson Melquíades, liderança do MST assassinada em 2005 por jagunços, a mando dos grandes proprietários de terra da região.

“Essa é uma área extremamente importante para todos nós. Assassinaram nosso companheiro achando que nossa força iria diminuir e estamos aqui mostrando o contrário”, comentou Taciana Ribeiro, da direção estadual do MST e assentada no município de Atalaia.
 

Para ela, “essa será uma conquista que devemos comemorar, em especial à memória do Jaelson e dos companheiros e companheiras que resistiram nessa luta até aqui”.