Sem Terra cobram terra e habitação rural no Rio de Janeiro


Por Alan Tygel e Vanessa Ramos
Da Página do MST

Fotos: Pablo Vergara

Neste ano, a tradicional Jornada de Lutas realizada pelo MST no mês de abril durou até maio. Mais de 60 ocupações de terras e de prédios públicos ocorreram por todo o país, a fim de lembrar o Massacre de Eldorado dos Carajás, quando 21 Sem Terra foram assassinados no Pará, em 17 de abril de 1996.


Por Alan Tygel e Vanessa Ramos
Da Página do MST

Fotos: Pablo Vergara

Neste ano, a tradicional Jornada de Lutas realizada pelo MST no mês de abril durou até maio. Mais de 60 ocupações de terras e de prédios públicos ocorreram por todo o país, a fim de lembrar o Massacre de Eldorado dos Carajás, quando 21 Sem Terra foram assassinados no Pará, em 17 de abril de 1996.

No Rio de Janeiro, as mobilizações ocorreram nesta quarta-feira (14). Assentados e acampados vieram de todas as regiões do estado para pressionar o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e a Caixa Econômica Federal, que cuida do Plano Nacional de Habitação Rural. 

Andreia Matheus, umas das coordenadoras do MST, comenta que “todo ano trazemos as mesmas demandas. São questões básicas, com água, luz e estradas nos assentamentos. Além disso, há questões relativas à habitação, ao crédito rural e aos programas de compra de alimentos pelo governo. O que existe implementado hoje não atende a todas as famílias assentadas. É preciso dar condições para as famílias sobreviveram na terra.”

Os militantes lotaram a sala da superintendência do Incra para a reunião, que contou com a presença do Ministério do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rossetto. A pauta extensa incluiu também a assistência técnica, necessária para que os assentamentos possam produzir mais alimentos sem uso de agrotóxicos.

Gustavo Noronha, superintendente do Incra, afirmou ser este ponto o prioritário e prometeu que “no próximo ano iremos garantir a assistência em todos os assentamentos do estado”.

Na Caixa Econômica Federal, a pauta foi a liberação de recursos do Plano Nacional de Habitação Rural. Em diversos assentamentos, casas ainda não foram construídas ou estão pela metade por conta de cortes na verba.

Segundo Elisângela Carvalho, da dirigente nacional do MST, a Jornada de Lutas “dialoga com a sociedade sobre a Reforma Agrária Popular, porque a gente já entendeu que só o campo não dá conta de fazer sozinho a Reforma Agrária dentro do capitalismo.”

Militantes do Levante Popular da Juventude também participaram da jornada. Para Priscila Melo, integrante do Levante, “a Reforma Agrária também faz parte do projeto do Levante e a gente vê a importância de estarmos sempre lembrando que o agronegócio traz violência no campo e a importância do Campo e a cidade se unirem”.


Violência no campo

“A luta dos camponeses continua firme, mesmo com tombamentos de muitos, e a gente vai seguir denunciando”, desabafou Elisângela Carvalho. 

Só em Campos dos Goytacazes, em 2013, houve três assassinatos seguidos: Regina dos Santos Pinho (56 anos); Cícero Guedes dos Santos (47 anos); e Clayton Luis dos Santos (41 anos). Todos eram militantes do MST e lutavam pela Reforma Agrária.

“Nos últimos dois anos, no Rio de Janeiro, morreram companheiros do MST, da Contag (Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura) e da Fetag (Federação dos Trabalhadores na Agricultura), o que nos assusta muito porque há muito tempo não aconteciam assassinatos seguidos”, afirmou Elisângela.