MST denuncia criminalização da luta pela terra em Rondônia

Em nota, o Movimento faz apontamentos sobre a situação agrária no estado e como tais ações têm sido usadas para veicular negativamente a imagem do MST

 

Da Página do MST

Nesta segunda-feira (03), O MST divulgou nota de esclarecimentos referente à luta pela terra por Rondônia, em que alguns grupos “isolados” e “independentes”, de forma recorrente, em muitas das ocupações de terras organizadas por eles, tem usado a bandeira do MST, ainda que não o Movimento não comungue dos mesmos objetivos e princípios no que se refere à luta pela terra.

De acordo a nota, tal fato tem sido utilizado amplamente, por pessoas e meios de comunicação, para veicular negativamente a imagem do MST, reforçando a criminalização.

“Respeitamos todas as famílias que fazem a luta pelo direito a terra por precisarem dela para viver e reafirmamos que os conflitos resultam da omissão do Estado brasileiro que financia um modelo de concentração de terras nas mãos de poucos”, salienta trecho da nota.

A inexistência de ações do Estado em promover a democratização da terra potencializa conflitos agrários, um dos motivos que coloca Rondônia como o estado que concentra o maior número de assassinatos em conflitos no campo, com 21 pessoas mortas, é o número mais elevado já registrado no estado desde 1985, quando a Comissão da Pastoral da Terra (CPT) começou a divulgar esses dados.

Confira nota na íntegra.

NOTA DO MST À SOCIEDADE

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) em Rondônia vem a público prestar esclarecimentos que se fazem necessários no atual contexto.

A luta pela terra em Rondônia é heterogênea e diversificada em seus sujeitos e práticas, sendo constituída desde movimentos sociais com décadas de experiência organizativa, como é o caso do MST, até os chamados grupos “isolados” e “independentes”, muitas vezes sem vínculos organizativos além do imediato interesse na conquista da terra.

De forma recorrente, em muitas das ocupações de terras organizadas por estes grupos, a bandeira do MST é utilizada, ainda que não comunguemos dos mesmos objetivos e princípios no que se refere à luta pela terra. Seja por desinformação ou por má intenção de pessoas e de meios de comunicação, estas ações têm sido usadas para veicular negativamente a imagem do MST, reforçando a criminalização deste Movimento Social.

Respeitamos todas as famílias que fazem a luta pelo direito a terra por precisarem dela para viver e reafirmamos que os conflitos resultam da omissão do Estado brasileiro que financia um modelo de concentração de terras nas mãos de poucos.

O MST é um Movimento com organização Estadual e Nacional, que se articula com outras organizações camponesas dentro da Via Campesina. Tem como bandeira de luta a Reforma Agrária Popular e como alvo, latifúndios em terras griladas, terras da União propícias à agricultura camponesa, terras com trabalho escravo, terras com cultivos drogas e terras que não cumprem sua função social e ambiental. Portanto, a formação dos acampamentos passa por um diálogo com a sociedade na perspectiva de que a terra cumpra de fato sua função social – e ambiental – nas mãos de quem nela trabalha: os camponeses e as camponesas.

A bandeira do MST representa para nós a participação democrática das famílias e o zelo por alguns princípios e valores que são fundamentais como o respeito aos seres humanos, o cuidado com o meio ambiente e o não uso a terra como uma mercadoria.

}Não sendo assim, não é o MST.

Lutar, construir a Reforma Agrária Popular!

Coordenação Estadual do MST – Rondônia