Arte e cultura marcaram a 2ª Feira Nacional da Reforma Agrária
Por Catiana de Medeiros
Da Página do MST
A arte e a cultura também fazem parte da luta dos sujeitos Sem Terra para a conquista da Reforma Agrária Popular. É por este motivo que a 2ª Feira Nacional da Reforma Agrária, realizada de 4 a 7 de maio em São Paulo, além de disponibilizar mais de 280 toneladas de alimentos saudáveis produzidos em assentamentos e acampamentos de 23 estados e do Distrito Federal, ofereceu gratuitamente uma diversidade de atrações culturais durante os quatro dias de evento.
Quem passou pelo Parque da Água Branca, onde foi realizada a feira, pôde prestigiar desde rap, hip-hop e rock ao samba, viola e forró, entre outros gêneros musicais. Para que isto se tornasse possível, o MST convidou vários nomes da música brasileira e artistas populares para subirem no Palco Arena Canta Resistência, localizado na área central do parque, e no Palco Culinária da Terra, situado nas imediações das cozinhas que ofereceram aos visitantes dezenas de comidas típicas de vários estados brasileiros. Ao todo, foram mais de 30 apresentações de 250 artistas populares.
Segundo Luana Oliveira, da coordenação do Coletivo Nacional de Cultura do MST, o objetivo da feira é dialogar com a sociedade e mostrar a ela que o Movimento Sem Terra é produção de comida saudável, sem o uso de venenos, mas também é gerador de arte e cultura. “Ficaria incompleto apresentar o MST sem trazer a sua dimensão cultural e artística. O movimento sempre se preocupou com isto, porque apresentar a nossa cultura é socializar a arte em seu interior, é mostrar como é produzida a comida saudável que as pessoas que passaram pela feira consumiram”, declara.
Entre os artistas consagrados que realizaram shows no evento estão Tico Santa Cruz, Pereira da Viola, Emicida, Tulipa Ruiz, Liniker e os Caramelows, Targino Gondim e Chico César. Na feira também teve apresentações do Trio Tamoyo, Trupe dos Encantados, Rubens Brito e Osni Ribeiro, Ricardo Vignini, Cururu do Médio Tietê, Congada e Moçambique de Guaratinguetá, Katya Teixeira, Samba do Surdo Manco, Vicente Reinaldo e José Milson, Crônica Mendes, Bat Macumba Samba Reggae, Arnaldo do Acordeon e MauM. O grupo de hip-hop H2, do Assentamento 17 de Abril, localizado no município paulista de Franca, também mostrou o seu potencial artístico durante a feira.
“São artistas populares e amigos do MST, que mesmo com dificuldades por causa desse sistema capitalista, sobrevivem da arte. Eles estão conosco não somente nos momentos em que sobem nos palcos para tocar e cantar, mas também nas peleias, sendo presos e apanhando com a gente. Também são artistas de renome nacional, que tocam nas suas carreiras, vidas e produções processos mais articulados da classe trabalhadora. Todos são agitadores e propagandistas das nossas bandeiras, pautas e causas. Eles são da classe trabalhadora”, explica Luana.
Também fez parte da programação da 2ª Feira Nacional da Reforma Agrária um espaço literário; dança folclórica do Grupo Favorito da Catira; peças de teatro com Trupe Olho da Rua, Cia Nóis na Mala, Brava Companhia e Trupe Lona Preta; e poesia com Slam da Guilhermina e o sarau Perifatividade. Ainda teve a participação da Batucada Unidos da Madrugada e da Batucada Carlos Marighella, do Levante Popular da Juventude; além de apresentação do Grupo Nzinga de Capoeira Angola.
Conforme Luana, levar atividades culturais e artísticas para eventos como a feira nacional, promovida pelo MST, facilita o diálogo com a sociedade sobre o que é e a importância do projeto da Reforma Agrária Popular. “A arte tem o grande potencial de sensibilizar e tocar as pessoas de uma forma que muitas vezes o discurso político não tem. A arte, seja por meio da música, painel ou poesia, é fundamental para dialogar com a sociedade, assim somos capazes de desconstruir essa ideia negativa que a grande mídia passa à população sobre o MST, e minimizar o processo de criminalização que ela investe contra nós”, argumenta.
Mais de 170 mil pessoas passaram pelo Parque da Água Branca durante os quatro dias da 2ª Feira Nacional da Reforma Agrária.
*Editado por Leonardo Fernandes