Liniker e Os Caramelows levam diversidade à Feira Nacional da Reforma Agrária
Artista lotou o Parque da Água Branca, em São Paulo, no último dia do evento, organizado pelo MST.
Por Leonardo Fernandes
Da Página do MST
Diretamente de Araraquara, no interior de São Paulo, Liniker e sua banda, Os Caramelows fizeram uma das últimas e mais animadas apresentações culturais da 2ª Feira Nacional da Reforma Agrária, que ocorreu entre os dias 4 e 7 de maio, no Parque da Água Branca, na capital paulista.
A arena montada no centro do parque ficou lotada durante a apresentação, que durou pouco mais de uma hora. Com as músicas na ponta da língua, o público acompanhou cada letra. O single &”39;Louise do Brasil&”39; foi um dos primeiros e animou a multidão.

Entre uma canção e outra, Liniker e sua companheira de vocal Renata Éssis interagiam com o público e aproveitavam para passar sua mensagem política. &”39;Não vamos permitir que objetifiquem os corpos das mulheres&”39;, disse a artista. &”39;Legitimemos nossa existência&”39;, gritou.
No final da apresentação, a banda recebeu no palco o Coletivo LGBT do MST, que fez uma intervenção em defesa do respeito à diversidade sexual e à identidade de gênero, e também em homenagem à banda pelo belíssimo trabalho de representação da luta LGBT no Brasil.
Já no camarim, Liniker e o trompetista dos Caramelows, Márcio Bortolotti, concederam uma rápida entrevista à equipe de imprensa do MST. “Eu achei maravilhoso a feira ser aqui, nesse parque. Eu moro muito perto daqui e nunca havia entrado. E conhecer esse parque dessa forma é maravilhoso. E poder participar disso, poder fomentar força pra esse movimento é incrível. No sábado eu vim no show da Tulipa Ruiz… achei uma energia maravilhosa. Ver essas pessoas unidas em função da terra, trabalhando junto… E hoje, esse mar de gente me deixou muito emocionada”, disse Liniker que já havia visitado a feira no dia anterior.

Bortolotti se mostrou um grande admirador da luta do MST. “A gente sabe que a feira é uma das ações do Movimento Sem Terra. Eu admiro a resistência histórica! Apoio a agricultura familiar, porque de certa forma é ela que produz o alimento que chega à mesa dos brasileiros. E foi maravilhoso estar aqui, nessa junção de energia, com gente do Brasil inteiro, integrados a esse movimento. Estar aqui reforçando esse movimento, enquanto o movimento reforça a gente é muito especial”.
Sobre o caráter transformador de sua arte, Liniker disse que sua música é um instrumento de resistência. “A nossa arte busca criar um ambiente de resistência, de resgate da nossa história. Acho que, pelo fato de sermos do interior, e o interior nunca é valorizado. Então, é um muito importante a gente poder trazer a nossa resistência, a nossa arte, a arte de Araraquara. E é muito bonito ver como o nosso trabalho tem transformado as pessoas e nos transformado também, porque tudo é uma grande troca”.

Os artistas ainda comentaram sobre a realidade de opressão, criminalização e violência que sofrem os trabalhadores rurais do Brasil, especialmente os que ousam lutar pelo direito à terra. “Respeitem as pessoas do MST. Parem de matar essas pessoas, que são trabalhadores da terra. Trata-se de dignidade humana, de respeito”, disse Liniker, emocionada.
“Há todo um humanismo em torno da luta do MST. É realmente um sonho ter uma Reforma Agrária no nosso país. Sejam fortes na luta, não deixem de sonhar”, completou Bortolotti.
A 2ª Feira Nacional da Reforma Agrária reuniu durante quatro dias 800 feirantes, trabalhadores e trabalhadoras, acampados e assentados do MST, no Parque da Água Branca, em São Paulo, onde foram comercializadas mais de 280 toneladas de alimentos saudáveis. Cerca de 170 mil pessoas passaram pelo evento.