DF se soma à Greve Geral desta sexta-feira (30)

Com paralisação de várias categorias, ações buscam dialogar com a população sobre reformas e eleições diretas

Por Lizely Borges
Da Página do MST

Como instrumento de resistência popular às medidas de desmonte dos direitos sociais implementadas pelo governo de Michel Temer (PMDB), as centrais sindicais e movimentos populares se somam às mobilizações nacionais e realizam, nesta sexta-feira (30), no Distrito Federal (DF), um conjunto de atos que se somam à Greve Geral. 

São planejadas ações no Plano Piloto, nas cidades de Brasilândia, Taguatinga, Paranoá e do entorno, como Formosa e Valparaíso, ambas em Goiás. 

A paralisação das atividades buscam dar visibilidade às medidas em curso no Congresso Nacional e Executivo, em especial as reformas trabalhista e previdenciária, e pretende ainda, debater com a população saídas democráticas ao contexto de desmonte do Estado. 

Um momento importante, avalia as centrais sindicais, já que as mobilizações desta Greve Geral ocorrem um dia após aprovação da reforma trabalhista (PLC 38/2017) pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado. Nesse sentido, denunciam que a proposta ao projeto altera mais de 300 dispositivos da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). As mudanças devem incidir, com mais força, sobre a população de baixo rendimento.

Diálogo com a população

Como direito previsto na Constituição Federal (Art. 9º), as organizações se valem da greve para ampliar o diálogo da população sobre os elementos contidos nas duas reformas. A reprovação à reforma previdenciária foi um dos motivos para a forte adesão popular na greve do dia 28 de abril, com a paralisação histórica de 35 milhões de trabalhadores. 

Já a reforma trabalhista ainda carece da amplificação do debate. No entanto, na avaliação do presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Vagner Freitas, gradualmente a população tem vencido a invisibilidade da proposta de reforma, na sua complexidade, nos meios privados de comunicação. “A imprensa cumpre o papel de transformar a reforma trabalhista na narrativa de que é o sindicalista defendendo imposto sindical. Toda vez que [a mídia] se refere a reforma fala do imposto sindical e a população acaba entendendo que é uma discussão exclusiva para sindicatos e não do povo. Essa compreensão tem sim, pouco a pouco, avançado”, diz Vagner. 

Para os movimentos, as atividades de rua, nos diálogos e entrega de materiais informativos, constituem um importante momento para romper os obstáculos no debate das medidas em acelerada tramitação no Congresso. 

As atividades ocorrem também num cenário de intensificação da crise do Executivo, potencializada com a denúncia realizada nesta segunda-feira (26) pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ao Supremo Tribunal Federal (STF). Na denúncia, Janot imputa o crime de corrupção passiva, com base na delação dos acionistas e executivos do Grupo J&F, que controla a JBS, ao presidente Temer. 

Paralização de setores

As categorias vinculadas ao transporte público (metroviários e rodoviários), assim como os trabalhadores da educação, da telecomunicação, da saúde, dos Correios, do Ministério Público da União (MPU), do setor Urbanitário também anunciaram, de imediato, adesão à Greve Geral. Profissionais da Universidade de Brasília (UnB), bancários e servidores públicos federais se somaram ao longo da semana.

Diante do anúncio de paralisação de 24 horas no transporte público na capital, as empresas responsáveis pelo serviço no Distrito Federal entraram novamente, assim como na Greve do dia 28 de abril, com um mandado de segurança para impedir a adesão da categoria. 

O novo pedido, mais uma vez, foi rejeitado pelo Tribunal Regional do Trabalho. A decisão foi comemorada. “Parabenizamos o presidente do Tribunal por respeitar o direito constitucional de greve. Os empresários queriam que 80% da frota [de ônibus] estivesse nas ruas, com multa e esse pedido foi indeferido,” relata o presidente do Sindicato dos Rodoviários do Distrito Federal (Sittrater-DF), Jorge Farias. 

Conforme orientação dos sindicatos das categorias, os trabalhadores devem trocar os postos de trabalho pela participação nas manifestações.
 

Confira alguns dos atos no Distrito Federal e cidades do entorno:

– 6h – Ato nas empresas Eletro Norte e Furnas / Setor Comercial Norte Q 6 Blocos B/C – Asa Norte
– 6h – Furnas, na Av. Noroeste Qn 431 Conjunto A C D, 214 – Samambaia Sul
– 8h – Ato frente ao Prédio da Oi, na SCS. Q. 2 Edifício Brasil Telecom Estação Telefônica Centro
– 8h – Ato em Formosa, concentração será na Praça Anisio Lobo
– 8h – Ato em Brazlândia, concentração Estacionamento do BRB (Quadra 3, Bloco B Lotes 6/10
– 9h – Ato no Paranoá, concentração será no Terminal Rodoviário
– 9h – Ato em Defesa da Educação, na Praça do Relógio – Taguatinga

*Editado por Wesley Lima