Escola do campo é premiada no Maranhão

A escola foi premiada em primeiro lugar em três categorias em um concurso promovido pelo Ministério Público do Estado

 

Por Reynaldo Costa
Da Página do MST

A escola Roseli Nunes do assentamento Cipó Cortado, em João Lisboa no sudoeste do Maranhão, foi premiada em primeiro lugar em três categorias em um concurso promovido pelo Ministério Público do Estado. Ao todo participaram 56 escolas do campo e da cidade. 

O Concurso “Ler e Escrever” é realizado pelo Ministério Público do Maranhão através da Comarca de João Lisboa. Nesta segunda edição o concurso teve como tema central a corrupção, o subsidio foi o livro “O que faz o Brasil, Brasil? ” de Roberto DaMatta. 

A estudante Nalígia Fernanda da Silva, 14 anos, concluinte do 9º ano do ensino fundamental, teve a melhor redação dissertando sobre a temática da “corrupção e o jeitinho brasileiro”. A instituição encarregada pela avaliação dos textos foi a Academia Imperatrizense de Letras da Cidade de Imperatriz.

 

Nalígia sente-se muito contente com o resultado e com firmeza enfatiza de onde vem inspiração para a produção da dissertação. “O livro é muito bom, eu gostei muito. Mas também eu usei a aprendizagem que eu já tive com o MST”. Avaliou a estudante Sem Terrinha. 

A Escola Roseli Nunes do Assentamento Cipó Cortado obteve o 1º Lugar também na categoria melhor professora, conquistada pela educadora Mariane da Conceição Gonsalves, que é também militante do Movimento.  Mariane foi reconhecida por ter se desempenhado várias atividades abordando o tema, tanto na sua turma quanto no conjunto da escola.

O terceiro prêmio, também 1º lugar, foi concedido à diretoria da escola pela gestão voltada para a temática da corrupção, dando suporte social e pedagógico para que os alunos e professores se envolvesse em debater a questão para além da escola.

Para Arlando Sousa, diretor da escola, o prêmio é um reconhecimento pelo trabalho coletivo que transformou o latifúndio violento num espaço de vida.

O mais bonito de tudo é que nossa escola funciona no prédio onde se escondiam os pistoleiros. Aqui eles planejavam os ataques aos trabalhadores. Agora aqui tem uma escola produzindo conhecimento, ressaltou.
 

Histórico 

O assentamento Cipó Cortado é um dos maiores símbolos de resistência na luta pela terra no Maranhão nas últimas duas décadas. A antiga fazenda também chamada Cipó Cortado foi ocupada em novembro de 2007.

Durante quase dez anos os trabalhadores viveram sobre o cerco de uma violenta milícia bancada por um grupo de grileiros da região.

Nesse período houve sequestro de trabalhadores, tortura física e psicológica além de ataques a tiros ao acampamento. Os trabalhadores da Cipó Cortado resistiram mais de 20 liminares de despejo.

Hoje a comunidade abriga quase 200 famílias, tem sido a maior produção de grãos, (arroz, milho e feijão) da região, além de vários outros alimentos como batatas, macaxeira, abobora e criações. A Cipó Cortado é um exemplo de que além de comida o campo pode produzir conhecimento.