Trabalhadores em todo país criticam mudanças na Previdência numa Jornada Nacional de Lutas

Bloqueios, atos em agências do INSS, marchas e muito diálogo com a população para dizer “Quero me aposentar!”

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Da Página do MST

 

Em pelo menos onze estados, já foram realizadas mobilizações no intuito de enterrar de vez o fantasma da reforma da Previdência, proposta dos golpistas para acabar com a aposentadoria dos trabalhadores. A Jornada Nacional contra a Reforma da Previdência mobiliza sindicatos, movimentos populares e as Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, no campo e na cidade, de Norte a Sul do país.

Nove agências do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) foram ocupadas ou recebem atos em suas portas nas cidades de: Senador Pompeu-CE, Porto Alegre-RS, Criciúma-SC, Lages-SC, Delmiro Gouveia-AL, Andradina-SP, Natal-RN, Conceição do Coité-BA e Paulo Afonso-BA.

Em Santa Catarina, além das agências citadas, também os devedores do INSS foram alvos de mobilizações, para evidenciar a contradição da tese do rombo da Previdência. São grandes devedores, como o grupo Havan e o banco Bradesco, que deixam de pagar o que devem e nunca têm suas dívidas com a Previdência executadas pelos governos.

Também foram bloqueadas rodovias em diversos trechos do país: BR-116 (em dois pontos, no Ceará e no Piauí), BR-104, BR-101, BR-156, BR-170, BR-364. Além dos bloqueios de rodovias, a garagem dos ônibus metropolitanos de Salvador também foi interditado por manifestantes da Frente Brasil Popular, assim como ocorreram piquetes em outros estados, como Santa Catarina. 15 mil pessoas marcharam pelas ruas Fortaleza.

Para Débora Nunes, da Coordenação Nacional do MST, a resposta dos trabalhadores à estratégia do governo golpista de Temer foi enérgica. “Esta é a resposta a mais uma medida do governo ilegítimo. Dia 19 estava programada a votação da proposta de reforma da previdência”, relata.

“Assim, ocorreram diversas ações em todo território nacional, um processo amplo, mobilizações, chamados para greve geral, num diálogo com a sociedade no intuito de mobilizar em torno dos riscos que a reforma traz para a classe trabalhadora, seja dos direitos históricos que estão sob ameaça, mas também denunciando e alertando a sociedade para que fiquemos atentos, de olho, nos deputados que estão lá e votando contra o direito do povo, porque ‘quem votar não pode voltar’”, afirma Débora, mencionando o mote da campanha dos movimentos populares, que mira também na eleição que se aproxima.

Numa estratégia de pressão e de escracho com políticos da base golpista, que apoiam a proposta de fim da aposentadoria em discussão, militantes também realizaram mobilizações em gabinetes, órgãos públicos e em frente a casa de parlamentares. Destaque-se a ocupação, em Maringá-PR, do gabinete do Ministro da Saúde, Ricardo Barros (PP). Em Jaru-RO, o escracho aconteceu na porta da casa do deputado federal Lúcio Mosquini (PMDB).

No interior do Ceará, os militantes também ocuparam duas rádios FM, a Uirapuru e a FM Líder, ambas em Itapipoca. Na data em que se completa 20 anos da Lei de Radiodifusão Comunitária (Lei 9.618/98) – lei que nunca beneficiou, de fato, a comunicação comunitária – essa ocupação é um marco que questiona o discurso uníssono da mídia golpista sobre a reforma proposta por Temer para acabar com a aposentadoria dos brasileiros.

“A gente sabe que tem um discurso oficial falso de que a reforma viria pra acabar privilégios. No entanto, os poderes judiciário, executivo, legislativo, forças armadas, os que realmente tem privilégios, estes não estão sendo mexidos com a reforma da previdência. E o povo tem acordado, se dado conta e não temos dúvida que é esse processo de despertar, de chamamento e mobilização que vai possibilitar a derrota da reforma da previdência”, conclui Nunes.

Numa primeira parcial, onze estados iniciaram mobilizações entre a manhã e a tarde desta segunda-feira de lutas em todo o país: Rio Grande do Sul, Alagoas, Ceará, Piauí, Paraná, São Paulo, Sergipe, Bahia, Rondônia e Rio Grande do Norte. As maiores mobilizações são esperadas para o final da tarde, com marchas massivas em São Paulo (no MASP), Belo Horizonte (Praça da Estação) e Rio de Janeiro (Cinelândia).

 

 

*Editado por Rafael Soriano