No 1º de maio, MST ocupa duas áreas no Distrito Federal

“Nosso 1º de maio é em luta, ocupando o latifúndio, denunciando a paralisação da Reforma Agrária”, destaca Maria Feitosa, da Direção Nacional do MST.

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Por Janelson Ferreira
Da Página do MST

 

Na madrugada desta terça-feira (1), cerca de 600 famílias do MST ocuparam duas áreas no Distrito Federal. A primeira, na região de Brazlândia, pertence à Fundação Assistencial dos Servidores do INCRA – FASSINCRA – e, com cerca de 100 hectares, foi ocupada por 300 famílias. A segunda, com um total de 136 hectares, localiza-se na rodovia DF-001, entre Sobradinho e Paranoá, pertencendo à Secretaria de Patrimônio da União – SPU. As ações buscam pressionar o governo do Distrito Federal para a pauta da Reforma Agrária, exigindo sua retomada imediata.
 

A área em Brazlândia, pertencente ao FASSINCRA, acumula dívidas de mais de 90 milhões de reais, segundo informações do site do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios. A Vara de Falências, Recuperações Judiciais, Insolvência Civil e litígios Empresariais do DF já proferiu decisão declarando a insolvência da Fundação. Da decisão não cabe mais nenhum recurso. Além disso, a área está abondada, sem nenhuma utilidade, há mais de cinco anos. 
 

Segundo Maria Feitosa, dirigente nacional do MST, as ocupações além da pressão no governo tem um caráter simbólico. “Nosso 1º de maio é em luta, ocupando o latifúndio, denunciando a paralisação da Reforma Agrária”. Feitosa ressalta a importância da área em Brazlândia ser destinada para assentamentos da Reforma Agrária. “A área do FASSINCRA é local de grande riqueza da natureza, com nascentes de água e, caso caia na mão de grileiros, do agronegócio, colocamos em risco uma sensível parte do cerrado do DF. Ela precisa se tornar um assentamento coletivo da reforma agrária, que respeite o meio ambiente e produza alimento saudável”, afirma.
 

A segunda área ocupada pelas famílias Sem Terra, na região entre Sobradinho e Paranoá, pertence à Secretaria de Patrimônio da União e há anos encontra-se ociosa, correndo o risco de ser invadida por grileiros. Além disso, a SPU está, no último período, buscando regularizar até terras invadidas por grileiros. A Superintendente da SPU no DF, Fabiana Torquato, foi nomeada no dia 26 de julho de 2017. Sua nomeação faz parte de uma manobra política do Deputado Federal Izalci Nunes (PSDB-DF) para ampliar sua base de sustentação. Além da nomeação de Torquato, ele também indicou o nome de Igor Soares Lélis para a superintendência regional do INCRA
 

De acordo com Marco Baratto, da direção nacional do MST, existe um movimento dentro da Secretaria de Patrimônio da União – SPU – de regularização de terras griladas. “Dentro da SPU, os padrinhos políticos estão trocando votos por regularização de terra grilada, isto é um descaso com o patrimônio público”, afirma o Sem Terra. 
 

O dirigente destaca como Izalci Nunes está utilizando a Secretaria. “Izalci indicou Fabiana Torquato para atender interesse próprio, a SPU está servindo para campanha política”. Para Baratto, a área, que está ociosa, precisa ser destinada para a Reforma Agrária. “Hoje, a classe trabalhadora na periferia para caro para comer, por isto queremos terra, para produzir alimento saudável por um preço acessível e colocar na mesa do trabalhador e trabalhadora”, ressalta. 
 

As ocupações desta madrugada integram também a Jornada Nacional de Luta pela Reforma Agrária, que é realizada pelo MST e ocorre desde o começo do mês de abril em todo país. Ao longo da Jornada foram ocupados 26 latifúndios, bloqueados mais de 20 pontos de rodovias em 19 estados. Além disso, prédios da Rede Globo e da Justiça Federal também foram ocupados. Em Brasília e Curitiba, Acampamentos foram montados em solidariedade ao Presidente Lula. Este ano, a Jornada tem o lema “Massacre de Eldorado dos Carajás – 22 anos de impunidade: Reforma Agrária e Lula Livre Já”.
 

*Editado por Gustavo Marinho