Sem Terrinha debatem os direitos da criança

Tema foi debatido durante plenária do Encontro Nacional das Crianças Sem Terrinha
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Mística apresentou o debate em torno dos direitos das crianças. 

Por Rafael Tatemoto
Da Página do MST
Fotos: Elitiel Guedes

 

Na primeira plenária realizada no Encontro Nacional das Crianças Sem Terrinha, as 1200 crianças presentes puderam aprender e debater sobre os direitos da criança e do adolescente. Na discussão ocorrida nesta terça-feira (24), o principal tema discutido foi a questão da educação no campo.
 

Após a mística e as intervenções culturais sobre o tema, o debate foi realizado pelos Sem Terrinha. Iara Sales, do estado do Pará, foi a primeira criança a introduzir o debate. 
 

Sales mencionou as dificuldades enfrentadas pelas crianças, principalmente na temática educacional, apontando como a omissão do Estado representa uma violação dos direitos infantis. Ao final, recitou um poema de Ruth Campos, chamado “Os Direitos da Criança”.
 

“Toda criança no mundo deve ser bem protegida. contra os rigores do tempo. Contra os rigores da vida. Criança tem que ter nome. Criança tem que ter lar. Ter saúde e não ter fome. Ter segurança e estudar. Não é questão de querer. Nem questão de concordar. Os diretos das crianças. Todos têm de respeitar. Embora eu não seja rei, decreto, neste país, que toda, toda criança tem direito a ser feliz”, declamou.
 

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Sem Terrinha Kaylane, de Goiás. 

A Sem Terrinha Kaylane Dourado, de Goiás, ressaltou a importância de que o poder público garanta escolas dentro dos assentamentos e acampamentos. 
 

“Quando  a gente vai para a escola, passamos mais tempo dentro do ônibus do que na própria escola. Um dia eu estava indo para escola e a van quebrou. Eu estava de calça branca e lá estava cheio de lama. Minha calça ficou vermelha”, contou. “A gente sai da roça para estudar na cidade, sendo que a gente tem direito de ter escola na roça”, comentou Kaylane. 
 

Já Aline de Oliveira, de Santa Catarina, ressaltou o fato de que não só há um déficit de escolas no campo, como há tentativas de fechamento das unidades já existentes. Ela fez referência ao colégio no qual estudou até a 5ª série do ensino fundamental, localizado dentro do assentamento em que vive.  “O direito que temos de falar aqui é o direito de todas as crianças terem escola de qualidade”, disse. 
 

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Aline de Oliveira, Sem Terrinha de Santa Catarina.

“Várias escolas do campo já foram fechadas em Santa Catarina. Neste momento há pessoas querendo fechar a escola. A mesma escola em que estudei durante sete anos”, denunciou. Oliveira lançou uma palavra de ordem: “A escola é o direito, direito de aprender/Escola é dever para o governo atender”.
 

Rosana Fernandes, da coordenação do MST, lembrou um dos aspectos mais importantes sobre os direitos da criança: a forma como se pode garanti-los. “Nós queremos pensar também como são construídos esses direitos. Os direitos são conquistados. Porque foi feito através da luta. Nós lutamos e conquistamos direitos. No nosso país, muitos direitos, não só os das crianças estão sendo desrespeitados. Neste momento, são direitos tirados da classe trabalhadora. Além da luta para conquistar direitos, nós também temos que lutar para manter esses direitos”, afirmou. 
 

Ainda durante a programação do Encontro Nacional das Crianças Sem Terrinha, uma série de oficinas e atividades estão previstas.
 

Acompanhe tudo sobre o Encontro em nosso especial.
 

*Editado por Gustavo Marinho