A arte que vem dos solos Sem Terra

Artesanato e cultura popular são destaques na 19° Feira da Reforma Agrária em Maceió
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Artesanato e cultura popular são destaques na 19° Feira da Reforma Agrária em Maceió
 

 

Por Vinícius Braga
Da Comunicação da Feira da Reforma Agrária

 

“A partir do momento que eu conheci o Movimento os meus olhos se abriram para tudo, as questões políticas, a arte e a cultura”, afirma Yang da Paz, jovem Sem Terra do acampamento Fidel Castro, na cidade de Pão de Açúcar, no Sertão de Alagoas. Yang é um dos artistas populares Sem Terra que veio expor suas peças de artesanato em madeira na 19ª edição da Feira da Reforma Agrária em Maceió.

 

Em sua segunda edição comercializando suas peças na Feira da Reforma Agrária, Yang fala a respeito da importância que o MST tem sua em sua vida e na sua forma de fazer arte. “É um mundo novo quando a gente conhece o MST e tudo que ele tem a proporcionar, cada atividade que a gente participa no Movimento traz inspiração pra gente fazer novas peças”, explica.

 

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Dona Mazé, rendeira que veio do município de Delmiro Gouveia

Segundo Yang, a Feira cumpre um importante papel de conseguir dialogar com a sociedade e romper uma barreira de que apenas o público elitizado é capaz de produzir e consumir arte. “Nós somos Sem Terra e fazemos arte, uma arte bonita que todo mundo ama e dá valor”, reforça Yang.

Segundo a organização da Feira, nessa 19ª edição o número de artesãos aumentou significativamente em relação às edições anteriores, mostrando um esforço da mesma em difundir a arte popular dos camponeses e camponesas.

Uma dessas artesãs é Maria José, conhecida como Dona Mazé, rendeira que veio do município de Delmiro Gouveia para sua segunda edição da Feira em Maceió e que, segundo ela, vai se despedindo com uma sensação de prazer em poder mostrar suas peças e já se preparando para a próxima edição.

A renascença é um tipo de renda típico da região do nordeste e que é passada de geração a geração pelas famílias rendeiras locais. Segundo Dona Mazé, a renascença tem origem europeia e por um determinado tempo esteve morta, mas acabou renascendo e sendo trazida para a região nordeste onde acabou se popularizando.

O nome tem uma ligação especial com a rendeira que afirma ter renascido e superado a depressão depois que ingressou no MST. “Antes de entrar no Movimento eu me sentia muito só, trancada e sofria muito. Após ingressar no MST eu convivo com os companheiros e companheiras, estou sempre presente nas movimentações e sou muito grata a tudo o que ele me proporcionou”.

Quando perguntada sobre os primeiros contatos com o artesanato, Dona Mazé afirma que aprendeu olhando dentro da própria família, “lá na região toda criança com 6 anos já faz isso, então eu com meus 9 anos de idade eu comecei a fazer e to fazendo isso até hoje”.

Yang e Mazé são dois dos diversos artesãos e artesãs dos acampamentos e assentamentos de Alagoas que vieram expor e comercializar sua produção da 19ª Feira da Reforma Agrária em Maceió, onde o espaço para o artesanato tem ganhado bastante espaço ao longo das edições, estimulando a participação e produção dos Sem Terra que trabalham com o artesanato em todas as regiões do estado.

 

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