Em nota, MST repudia crime da Vale e sua ação predatória em Minas Gerais

Afirmamos que a responsabilidade é da empresa e do Estado, que deixou de fiscalizar a mineração e cobrar devidamente os seus crimes
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Nota à sociedade

 

Na tarde desta sexta-feira, 25, a sirene não soou novamente. Mais uma barragem da Vale, transnacional da mineração privatizada em 1997 pelo PSBD, se rompeu. Dessa vez o município de Brumadinho e outros 18 do estado de Minas Gerais serão afetados. 

 

De acordo a Defesa Civil, até o momento se registra 09 mortos e mais de 300 desaparecidos. E inúmeras incertezas sobre as consequências do rompimento de uma barragem que não estava entre as 50 sob alerta de risco. A Mina Córrego do Feijão guardava mais de 1 milhão de metros cúbicos de rejeito. No entanto, o complexo envolve seis barragens, podendo chegar a 13 milhões de metros cúbicos de lama. É importante destacar que esse fato não é isolado. Em 2015, a usina de rejeitos a empresa Vale Samarco, em Mariana, estourou e causou prejuízos incalculáveis ao meio ambiente brasileiro e a vida das pessoas. Até hoje, esse crime permanece impune. 

 

É estarrecedora a postura do Presidente da Vale, Fabio Schvartsman, que afirma “nós não sabemos quantos estão soterrados”. Isso é precarização do trabalho e irresponsabilidade social das grandes corporações que depredam o patrimônio de uma nação. 

 

Tal cenário, afirma o que já sabemos, no momento em que o mundo vive uma crise estrutural do sistema econômico, vale tudo para recompor as taxas de lucro do capital, sobretudo, destruir a vida dos ribeirinhos, os pescadores, os povos do campo e todos que se abastecem daquela água. Com o requinte de ter um governo que apoia declaradamente tais crimes.

 

Com esse novo fato, em São Joaquim de Bicas, o acampamento Pátria Livre será afetado pelos rejeitos. Já no município de Esmeraldas, o assentamento 2 de Julho também está sujeito à poluição da mineradora, já que os lotes beiram o Rio Paraopebas. As famílias e a aldeia indígena Pataxó Hã Hã Hã se retiraram para locais mais altos, para se protegerem.

 

Seguiremos em luta e intensificamos a cobrança de todos os órgãos e competências do Estado para que a verdadeira justiça seja feita, aquela determinada pelos povos atingidos.

 

Reafirmamos que este modelo de mineração predatório não nos serve. E somente o povo brasileiro poderá ser o guardião soberano dos nossos bens naturais.

 

Coordenação Nacional do MST 
São Paulo, janeiro de 2019.