Utopia da Memória: peça homenageia as vítimas de Carajás

Com o espetáculo Utopia da Memória, companhia de teatro Estudo de Cena leva ao público a luta de trabalhadoras e trabalhadores no Brasil

 

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Imagens do espetáculo Utopia da Memória. Foto: Melissa Guimarães/ Estudo em Cena

Por Fernanda Alcântara
Da Página do MST

 

O momento é de luta em todo o país. Coletivos de cultura e artistas tem um motivo a mais para se preocupar, pois um decreto assinado pelo governador João Dória determina o corte de 22,95% do orçamento destinado a Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo. Essa redução afeta a toda a população paulistana.

É neste cenário que a companhia de teatro Estudo de Cena apresenta o novo projeto Utopia da Memória, uma experiência teatral que resgata episódios históricos do Brasil a partir de um olhar popular e socialista sobre o passado, presente e futuro.

Utopia da Memória vem de encontro com a história do coletivo Estudo em Cena, com a proposta de trazer sempre uma perspectiva de afetividade para a história. O processo de pesquisa para as histórias durou cerca de 5 anos, em parceria com pessoas organizadas pela defesa integral dos direitos humanos.

O espetáculo foi construído a partir das experiências e intercâmbios com coletivos de cultura, universidades e movimentos sociais. Neste 17 de Abril, serão realizados atos em todo o país em memória aos 21 camponeses mortos no massacre de Eldorado dos Carajás, realizado na Curva do “S” no Pará. Em homenagem, o coletivo fará uma edição especial da peça e exibirá a web-série “A farsa: ensaio sobre a verdade” (2015-2017).

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Imagens do espetáculo Utopia da Memória.
Foto: Fernando Solidade

 

A chacina em Eldorado do Carajás é conhecida mundialmente e decretada por lei como Dia da Reforma Agrária no país.  “A farsa: ensaio sobre a verdade”, assim como “Utopia da Memória”, são exemplos dos muitos conteúdos desenvolvidos que envolvem o público e o artista, e que vem abastecendo a sala de ensaio e as ações públicas em uma relação dialética entre processo, objetivos políticos e efetividade estética.

Para Diogo Noventa, diretor da peça e membro do coletivo, as ações militantes e a relação orgânica do coletivo com os movimentos sociais são parte do processo de criação e assimilação dos acontecimentos hoje.

“[Utopia da Memória] foi pensada a partir do acúmulo da experiência da Estudo de Cena em relação com os movimentos sociais. Tentamos criar e estabelecer as tendências destas memórias de luta da classe trabalhadora do campo e da cidade e entender formalmente o que estamos passando, a partir dessas lutas”, afirma Noventa.

Segundo o diretor, é importante articular algumas dessas histórias de luta como uma resposta ao tempo presente e a disputa pelo passado. Para ele, “Utopia da Memória” chega como uma resposta às formas históricas contemporâneas, uma forma de olhar para trajetória do coletivo Estudo em Cena como organização.

“Essa socialização do imaginário e socialização dos processos de luta é que vão nos fortalecer, isso é resistência também. E, claro, poder falar com outras pessoas, com um público interessado em arte, sem tentar criar um véu cínico de ‘não posicionamento’. Nossa disposição é sempre estar do lado dos trabalhadores.”

Promovendo o debate, a criação e a circulação destes novos olhares, “Utopia da Memória” provoca um duplo sentido de alimentar experiências que acrescentam para a apresentação, correspondendo as partes da história para constituir o todo e definindo o proceder artístico. Um espetáculo único, em tempos tão sombrios.

CONFIRA ENTREVISTA COMPLETA COM O DIRETOR

SERVIÇOS

Exibição da A farsa: ensaio sobre a verdade (17/04)
Horário: 14h

Apresentação: Utopia da Memória (em cartaz até 27/04)
Horário : 20h

Local: Oficina Cultural Oswald de Andrade
Endereço: rua Três Rios, 363 – Bom Retiro (próximo ao metrô Tiradentes)