Marcha das Margaridas toma as ruas de Brasília

Ato que reuniu 100 mil mulheres foi um chamado para Encontro Nacional de Mulheres do MST em novembro
WhatsApp Image 2019-08-14 at 14.33.47.jpeg
Fotos Juliana Adriano 

Por Nadine Nascimento
Da Página do MST
 

Sob o sol forte de Brasília, 100 mil trabalhadoras rurais de todo país deram início, na manhã desta quarta-feira (14), a uma marcha pelos direitos das mulheres, soberania popular, democracia, justiça, igualdade e um campo livre de violência.

O ato deixou o Pavilhão do Parque da Cidade por volta das 7h30 em direção ao Congresso Nacional, e aconteceu um dia depois da primeira marcha histórica das mulheres indígenas que reuniu 3 mil pessoas no mesmo trajeto. Além das indígenas que se somaram às Margaridas, a marcha contou com a presença de agricultoras familiares, ribeirinhas, quilombolas, pescadoras, extrativistas, quebradeiras de coco, trabalhadoras urbanas e dos movimentos feministas.

“É um momento de muita emoção, alegria e de agradecer todas nossas companheiras que vieram dos mais diversos cantos do nosso país. Não tenho dúvida de que nossas margaridas vão voltar para seus estados muito mais fortalecidas para a gente continuar na luta. É um grande momento de fortalecimento da nossa luta. Viva as margaridas!”, disse emocionada Mazé Morais, da Secretaria de Mulheres da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag). 

A marcha de mais de 4 km coloriu as ruas de Brasília de branco, lilás e vermelho. As delegações foram divididas por grandes regiões do país e se organizaram com bandeiras, faixas, gritos e batucadas. O Movimento Sem Terra estava representado por quase 400 mulheres de assentamentos e acampamentos espalhados pelo país. 

“Viemos somar à Marcha das Margaridas por comungar das mesmas necessidades, mesmas pautas e sonhos. Queremos uma sociedade em que as mulheres têm o papel central na reprodução da família, da vida, na produção de alimentos saudáveis e na política”, afirmou Ayala Ferreira, do setor de Direitos Humanos do MST. 

O Lula Livre, a defesa da educação e a rejeição à Reforma da Previdência aprovada na Câmara dos Deputados também estavam na pauta das Margaridas. 

WhatsApp Image 2019-08-14 at 15.38.32.jpeg
Fotos Juliana Adriano 

História 

Outras cinco Marchas das Margaridas já foram realizadas. O nome da mobilização  presta homenagem à Margarida Maria Alves, ex-presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Alagoa Grande, na Paraíba. 

 

Ela foi assassinada em 12 de agosto de 1983, a mando de latifundiários da região. Por mais de dez anos à frente do sindicato, Margarida lutou pelo fim da violência no campo, por direitos trabalhistas como respeito aos horários de trabalho, carteira assinada, 13º salário, férias remuneradas.

A última segunda-feira (12) marcou os 36 anos do assassinato de Margarida, símbolo da maior ação de mulheres da América Latina. Por essa razão, milhares de Margaridas de todo o Brasil e de outros 26 países participaram da marcha na Esplanada neste período.

WhatsApp Image 2019-08-14 at 15.38.33.jpeg
Fotos Juliana Adriano 

Encontro Nacional de Mulheres do MST

As mulheres Sem Terra presentes na marcha desta quarta-feira também faziam um convite para seu primeiro Encontro Nacional de Mulheres do MST que acontece também em Brasília entre os dias 22 a 26 de novembro. 

 

O objetivo do evento é dar protagonismo às mulheres na defesa das pautas de todo o Movimento. “Precisamos mais do que nunca de mulheres do campo e da cidade unidas com uma agenda comum: por terra, por reforma agrária e por justiça social no campo. Porque se não houver reforma agrária no Brasil, não há soberania, não há democracia, não há direito de acesso à terra, trabalho, moradia, educação e vida digna”, garante Salete Carolo, dirigente do MST assentada no Rio Grande do Sul. 

 

WhatsApp Image 2019-08-14 at 14.33.48.jpeg
Fotos Juliana Adriano