Movimentos haitianos realizam conferência para propor unidade contra governo de Moïse

Fórum Patriótico tem início nesta terça e reunirá diversos setores progressistas do Haiti e organizações internacionais
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O Haiti atravessa uma grave crise social e política e viveu grandes protestos contra o presidente Jovenel Moïse desde 2018 / Chandan Khanna / AFP

Do Brasil de Fato
 

Movimentos populares, partidos políticos progressistas e organizações sociais haitianos dão início, nesta terça-feira (27), ao Fórum Patriótico do Haiti, uma conferência nacional para analisar a atual crise política do país e debater as estratégias necessárias para superá-la, entre elas, criar um plano de ação comum pela renúncia do presidente Jovenel Moïse.
 

Ao longo desta semana, os mais de 250 participantes estarão reunidos na Escola de Formação de Quadros Camponeses do Movimento Camponês de Papaye (MPP), entre eles, delegados internacionais da Venezuela, Brasil, Argentina, África do Sul e Estados Unidos, integrantes da Alba Movimentos, Via Campesina e Assembleia Internacional dos Povos.
 

João Pedro Stedile, da direção nacional do Movimento de Trabalhadores Rurais Sem Terra, estará presente no fórum. Para o dirigente, trata-se de uma iniciativa importante por ter como objetivo a unidade de setores progressistas e forças populares em um momento de agravamento da crise.
 

Stedile também considera que o evento pode ser um marco na construção de um programa unitário “para derrubar o atual governo e abrir um novo caminho de construção soberana, de um novo programa que tenha como prioridade os problemas cotidianos do povo haitiano”.
 

O Haiti atravessa uma grave crise social e política e, desde 2018, é palco de protestos contra as políticas de aumento de preços e privatizações do governo de Moïse por pressão do Fundo Monetário Internacional (FMI). O presidente também é acusado de desviar fundos da Petrocaribe.
 

“Ajuda humanitária” e dívida com FMI
 

O país caribenho é o mais pobre das Américas, com cerca de 80% de sua população vivendo na pobreza, e tenta se reerguer após o catastrófico terremoto de magnitude 7, que ocorreu em 2010, e da passagem dos furacões Matthew e Irma, em 2016 e 2017.

A calamidade que atravessou o país em 2010 abriu a oportunidade para a “ajuda humanitária” da ONU, que passou a controlar o Haiti a partir da MINUSTAH, com a presença de 7 mil soldados e policiais. Após a chegada da missão da ONU, o país sofreu também uma epidemia de cólera que matou mais de 8 mil pessoas, segundo os dados oficiais, e mais de 30 mil pessoas, segundo estudos independentes.
 

A dívida do Haiti com o FMI teve início após o terremoto de 2010, que causou a morte de mais de 200 mil pessoas e perdas materiais enormes, quando a organização financeira realizou um “empréstimo” de 114 milhões de dólares ao país caribenho, que deveria começar a ser devolvido após cinco anos e meio.
 

Edição: Luiza Mançano/ Brasil de Fato