MST comemora liberdade de camponeses
Vivemos tempos de criminalização da luta social. O ódio exarado em camadas da sociedade condena a militância política e social
Da Página do MST
“Não tem preço a liberdade, não tem dono. Só quem é livre sente o prazer em Cantar”, Antônio Gringo.
Quando um trabalhador, camponês, pai de família que tem uma liderança social conhecida e reconhecida vai para a prisão, não só a família chora, mas a sociedade agoniza com o sentimento de injustiça.
A prisão preventiva de João Cerqueira de Souza indignou quem conhece a sua história e sua militância em Comunidades Eclesiais de Base, Sindicato de trabalhadores e trabalhadoras rurais, no assentamento Margarida Alves e no Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra.
É notório a sua conduta íntegra e sua dedicação as causas e a justiça social, como as diversas notas públicas em seu apoio atestam, foram notas do MST, Frente Brasil Popular, Partidos políticos que reconhecem sua militância social. De modo igual, é a militância de Wanderley Almeida Faria, cuja prisão preventiva também foi decretada no âmbito da operação PRIMULA.
Foram dias de angústia, pois ninguém deseja ver arrancado do âmbito familiar e social, pessoas queridas e cuja contribuição na comunidade é referência. Mas também foram dias de não deixar morrer a luta e os compromissos de uma Cooperativa que representa a busca por qualidade de vida e dignidade de diversas famílias de trabalhadores e trabalhadoras rurais assentadas.
O povo fez mutirão, porque o viveiro de mudas não poderia acabar. O povo fez assembleia porque a COOMEAFES é mais que uma diretoria. No retorno dos dois para casa, o povo foi encontrar, com festa!
“Nos primeiros dias meu pescoço caiu, se ver naquele lugar é difícil, mas depois eu me lembrei quem eu sou, o lugar social que ocupo e veio a clareza das razões pelas quais eu estava ali, e não era por ter cometido qualquer crime. Aí a minha cabeça ergueu, mesmo assim eu não esperava essa recepção!” João Abelhão
Surpresos, os dois viram a comunidade os acolher, vieram familiares, vizinhos, amizades de infância, pessoas que nunca duvidaram da injustiça contida nas acusações e no exagero das medidas adotadas, já que são pessoas conhecidas, moradores antigos da região, que jamais se negaram a colaboração com a justiça.
“Primeiro prende-se trabalhadores honestos, a partir de premissas equivocadas, para depois investigar, ao final esperamos, concluam pelo não indiciamento da Cooperativa e seus membros, que sempre buscaram o caminho do diálogo e da justiça e defenderam durante anos esse assentamento” Alex Sandro Possamai e Liliana W. A. Dos Santos Advogados Populares.
Seu João e Wanderley puderam finalmente voltar ao afago do lar, ainda sob medidas cautelares que impedem que cumpram seus papéis na cooperativa, mas lhes dão o direito de aguardar em liberdade a análise e relatório das investigações.
Vivemos tempos de criminalização da luta social. O ódio exarado em camadas da sociedade condena a militância política e social. Não se pode permitir que deslegitimem a prática cotidiana e legal, da administração das associações, cooperativas, movimentos sociais, a atuação de profissionais que prestam serviços a essas organizações. E a festa é a resposta que o povo encontra para lembrar que a prisão não pode ser capaz de arrancar a consciência de quem aprendeu a ser livre e lutar pela liberdade.
Instituto Território e Justiça
MST-RO