Festival Comida de Verdade ocupa a Zona Leste de São Paulo com arte e alimentos saudáveis

Em defesa da Feira do MST, mais de uma tonelada de alimentos sem veneno foram servidos gratuitamente durante Banquetaço
Banquetaço serve gratuitamente alimentos sem veneno. Foto: Daniela Moura

Por Wesley Lima
Da Página do MST

Mais de uma tonelada de alimentos saudáveis foram servidos durante o Festival Comida de Verdade em apoio a IV Feira Nacional da Reforma Agrária, que aconteceu neste sábado (23), no CDC Vento Leste, localizado na Zona Leste da capital paulista.

O evento começou pela manhã com atividades culturais diversas e logo em seguida aconteceu o já tradicional Banquetaço, oferecido gratuitamente para todos os visitantes que passaram pelo Festival.

Shows e espetáculos para todas as idades movimentam o Festival. Foto: Daniela Moura

O Festival recebeu diversos artistas e atrações, como El Efecto, Lê Coelho convida BNegão, Tita Reis, Slam da Guilhermina, Cia Canina – Teatro de Rua e Sem Dono, Jongo dos Guaianás Circo Teatro Palombar Grupo Batakere, Kaue Gama, Renato Gama, Esquadrão Arte Capoeira, Nóis na Mala, Pastoras do Rosário e muito mais.

O evento foi uma iniciativa da Rede Sustenta, do Coletivo Banquetaço, Instituto Chão e Armazém do Campo, do MST, além de entidades e organizações diversas que se organizam na Zona Leste de São Paulo.

Delwek Matheus, do MST, fala do Festival e sua importância política. Foto: Daniela Moura

De acordo com Delwek Matheus, da direção do MST no estado de São Paulo e do setor de produção, o objetivo do Festival está colocado numa estratégia de “construção de uma aliança dos produtores camponeses com os consumidores urbanos”.

“É uma atividade construída de forma solidária em todos os seus aspectos. E também é importante dizer que é uma atividade que realiza diversos eventos, que vão além da questão só da comida. […] o Festival na verdade traz características da Feira Nacional da Reforma Agrária que propõe colocar aqui em São Paulo também os produtos produzidos nos assentamentos, produtos orgânicos, em transição agroecológica e produtos industrializados à disposição da população. Mas também atividades sociais, culturais e políticas como dança, música, enfim.”

Ele explica também que o Festival realiza um conjunto de atividades que garantem a integração e a construção coletiva, com foco na questão da alimentação. “Estamos falando de uma alimentação de qualidade, de uma comida de qualidade, de uma comida saudável. E aqui [no Festival Comida de Verdade] a população da região tem a possibilidade de participar, de construir, de ter acesso, de conhecer o trabalho que o MST realiza em torno da produção de alimentos”, disse.

Comida de verdade e gratuita

Simone Gomes, do Coletivo Banquetaço, afirma que se alimentar é um ato político. Foto: Daniela Moura

Um dos pontos altos do Festival Comida de Verdade foi o Banquetaço. Simone Gomes, do Coletivo Banquetaço, uma das organizações que contribui na construção do Festival Comida de Verdade, afirmou que o principal objetivo do evento é oferecer alimentos da agricultura familiar e da reforma agrária, com o intuito de se posicionar na defesa de políticas públicas que levam os alimentos para a população brasileira. “Alimentos limpos, justos e sem veneno”, frisou.

Sobre o Coletivo Banquetaço, ela explica que é formado por voluntários e é um coletivo sem fins lucrativos. Toda comida utilizada no banquetaço é fruto de doações. “É uma comida quase 100% orgânica. É uma comida que vem da agricultura familiar. É uma comida que vem da Reforma Agrária e que envolve muito mais do que você se alimentar”, explicou Gomes.
E continua: “A comida em si é toda um ato político, desde o momento em que a terra é conquistada, durante o plantio, a colheita, o transporte até chegar na mesa do consumidor e do povo brasileiro.”

Com variedade e qualidade, Banquetaço serve mais de uma tonelada de alimentos. Foto: Daniela Moura

Nesse sentido, Delwek complementou e disse que “a comida de verdade tem um conteúdo de projeto político”.

“A comida de verdade e a luta construída em torno dela mostra que é possível ter no Brasil um outro modelo de desenvolvimento socioeconômico e produtivo no campo, a partir do compromisso com a terra, com o meio ambiente e cumprindo uma função social.”

Diante disso, ele destacou: “A alimentação é um ato político sociocultural. Portanto, ela precisa estar vinculada a um projeto político de sociedade. Quem produz tem interesse nisso, mas quem consome também deve ter muito interesse. Então, a comida de verdade deve ser uma busca organizada a partir da luta dos produtores, camponeses e camponesas, mas deve estar inserida também no processo de luta e de busca, de forma organizada, da sociedade como um todo”.

Plantando luta e alimentos saudáveis por todo o Brasil

Plantio de árvore no CDC marca o lançamento da Campanha de Reflorestamento do MST. Foto: Daniela Moura

O Festival foi palco também do lançamento simbólico da Campanha de Reflorestamento do MST, cujo objetivo é plantar nos próximos anos mais de 100 milhões de árvores. Ou seja, reflorestar o Brasil, como apontou o Movimento. Para marcar esse momento, foi plantada uma árvore no CDC Vento Leste firmando o compromisso do MST com a sociedade.

Para a militância do MST presente no Festival, esse Ato Político reafirma a necessidade da luta pela terra, da produção de alimentos saudáveis, mas também, de plantar árvores e construir um “futuro agroflorestal” no campo brasileiro.

Em defesa da Feira do MST


O Festival aconteceu em apoio a realização IV Feira Nacional da Reforma Agrária, evento, que acontece no Parque da Água Branca desde 2015, e que enfrenta dificuldades para acontecer devido a não liberação do espaço pelo agora governador do estado de São Paulo João Dória.

*Editado por Fernanda Alcântara