MST comemora 24 anos da ocupação da Chesf, marco histórico em Sergipe

Com cerca de 2.400 famílias, ocupação foi uma das maiores da história do MST no Brasil e a maior de Sergipe
Foto: Arquivo MST

Por Luiz Fernando
Da Página do MST

O desemprego provocado com o fim das obras da Usina Hidroelétrica de Xingó foi uma das razões motivadoras para os trabalhadores se organizarem para lutar pela terra. O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), com apoio de setores da igreja local, realizou a ocupação nas instalações da Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf) em 12 de Março de 1996. Com cerca de 2.400 famílias oriundas dos municípios do alto sertão sergipano, de Pernambuco, Alagoas e Bahia. A ocupação foi uma das maiores da história do MST no Brasil e a maior de Sergipe.

Mesmo com certa complacência do proprietário da fazenda ocupada, que não arquitetou restrições à desapropriação, a luta dos acampados foi árdua. O Estado não viabilizava a realização rápida do assentamento. Os acampados tiveram que enfrentar fome, problemas de saúde e tensões com a comunidade local.

A ocupação da Chesf também tinha um “forte apelo político”, por ser uma das maiores ocupações de terra do país e pelo fato da Chesf representar “o poder instrumental dos interesses do capital”. O MST organizava a luta pela terra naquele momento com uma tática de fortes mobilizações de rua, para chamar atenção da sociedade sobre a importância da reforma agrária, pressionar a negociação com os governos (estadual e federal) e pressionar a negociação com os latifundiários.

Após oito meses de acampamento, no dia 9 de Maio de 1997, os trabalhadores conquistaram a primeira desapropriação fruto desse novo momento da luta pela terra, no caso da Fazenda Cuiabá, que assentou 200 famílias. A importância do assentamento Cuiabá para a região é sem dúvida a distribuição da riqueza. Atualmente essas mesmas áreas têm, na grande maioria, centenas de famílias produzindo, a exemplo do assentamento Jacaré Curituba, que conta com aproximadamente 700 famílias, e do assentamento Cuiabá, onde vivem hoje mais de 300 famílias. O latifúndio trazia miséria e desemprego. Ao contrário, a distribuição da terra trouxe desenvolvimento econômico e social.

*Editado por Yuri Simeon